Damasco aceita ir a conferência de paz, mas rejeita queda de Assad
O regime sírio anunciou nesta quarta-feira que pretende participar da conferência promovida pelos Estados Unidos, a Rússia e a ONU (Organização das Nações Unidas) para dar fim ao conflito no país árabe. Porém, rejeitou qualquer plano de transição política que retire o ditador Bashar al-Assad.
A saída do mandatário é a condição colocada pela Coalizão da Oposição Síria, única organização rebelde que anunciou participação no evento, para que sejam iniciadas as negociações. Além dos opositores, Estados Unidos, França e Reino Unido dizem que o plano de transição deve incluir o fim do regime.
Em comunicado divulgado pela agência de notícias estatal Sana, o Ministério das Relações Exteriores afirmam que enviarão uma delegação à conferência para encontrar com "aqueles que apoiam uma solução política para o futuro da Síria".
Na mesma nota, a Chancelaria disse que os que insistirem na queda de Assad, chamada pelo ministério de "essas fantasias", não precisam participar do evento. "A delegação oficial da Síria não irá a Genebra para entregar o poder".
Membros do regime sírio consultados pela Sana criticam os países ocidentais, afirmando que a era colonial acabou, e afirmam que a intenção da reunião é encontrar a solução que convenha mais à população síria, além da eliminação do terrorismo, forma usada por Damasco para se referir ao movimento opositor.
Com o anúncio de Damasco, que mantém sua posição em relação a suas ações anteriores, a conferência sobre Síria entra em um novo impasse. A situação de Assad foi um dos motivos que levou o evento a ser postergado nos últimos seis meses.
NEGOCIAÇÕES
O encontro foi sugerido em maio, após uma reunião entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov. No entanto, enfrenta uma série de problemas para ser concretizado.
Além das divergências entre as potências sobre a situação de Assad, a desintegração da oposição síria é um dos motivos que levam a crer no fracasso das determinações da conferência. O Exército Livre Sírio, milícia armada ligada à oposição moderada, e facções islamitas descartaram a participação no evento.
Ambos afirmam que a conferência não resultará na queda do ditador e pedem mais armas aos países que os apoiam para derrocar o governo à força. Outro problema é a composição da mesa de negociações, que deve incluir outros países do Oriente Médio.
A maior oposição está em relação à presença da Arábia Saudita, um dos principais financiadores dos rebeldes, e do Irã, único aliado de Damasco na região. O impasse pode contribuir para postergar o conflito, que já deixou mais de 100 mil mortos, segundo a ONU.
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