União Europeia acusa Rússia de impedir acordo para adesão da Ucrânia
A União Europeia acusou nesta sexta-feira a Rússia de impedir que a Ucrânia faça um acordo para entrar no bloco, como uma forma de manter seu domínio das antigas repúblicas soviéticas. A declaração é feita horas depois de o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, recusar um acordo com os europeus.
O mandatário apresentou a renúncia da Ucrânia ao acordo na última hora, após dois dias de reunião com chefes de governo europeus na Lituânia. Em encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, ele reconheceu que tem uma relação bastante desigual com a Rússia, que o levou a recusar o convite.
Em entrevista coletiva, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, afirmou que rejeitará os vetos da Rússia à sua relação com as antigas repúblicas soviéticas. "Não podemos aceitar o veto de outro país à aproximação da União Europeia com esses Estados".
Sergei Supinsky/AFP | ||
Estudantes ucranianos criam corrente humana em praça em Kiev para simbolizar a união do país com a União Europeia |
Já o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, pediu aos ucranianos que ignorem as pressões a curto prazo e manteve sobre a mesa o acordo que deveria ter sido assinado na cúpula de Vilnius. "Chegou a hora da coragem e da decisão. Não devemos renunciar antes pressões externas, inclusive da Rússia".
Mais cedo, Yanukovich afirmou que a Ucrânia ainda pretende assinar um acordo com a União Europeia no futuro, mas que seu país precisa de um pacote de ajuda financeira para facilitar essa aproximação. Ele disse que uma oferta anterior de € 600 milhões (R$ 1,86 bilhão) seria "humilhante".
Na quinta (28), ele justificou sua preferência pelo fim das negociações devido aos problemas econômicos da Ucrânia, que usa como fonte de energia o gás vindo da Rússia, que é vendido a preços altos. A necessidade do produto fez com que Kiev cedesse às pressões de Moscou, mesmo quase tendo fechado acordo com a UE.
PROTESTOS
A decisão do presidente fez com que cerca de 5.000 pessoas protestassem contra o governo e a favor da União Europeia. O ato foi acompanhado por forças de segurança que, em alguns momentos, se enfrentaram com o grupo.
Os manifestantes esperavam a volta dos líderes da oposição, que participaram da cúpula com os líderes europeus na Lituânia. Horas antes, milhares de manifestantes fizeram uma cadeia simbólica para unir a Ucrânia com a Europa.
Concretamente, Ucrânia quer que a UE ajude a modernizar seu sistema de gasodutos, e que retire as restrições à importação de alguns produtos ucranianos. Os líderes europeus asseguraram que a porta da UE e de seu vasto mercado de 500 milhões de habitantes continuará aberta.
"Está aberta, porque é importante para eles e para nós", indicou a representante da UE para as Relações Exteriores, Catherine Ashton, na esperança de que os dois lados "avancem o mais rápido possível" neste sentido.
"A porta estará sempre aberta para os ucranianos, contanto que eles desejem isso", declarou, por sua vez, o presidente francês, François Hollande.
No entanto, Hollande criticou o pedido de ajuda de Yanukovich. "Não se pode, tal e como quer o presidente ucraniano, pedir que paguemos para que a Ucrânia entre nesta associação.
Esta estratégia de aproximação foi lançada em 2009 para estabilizar e proteger a Europa das ex-repúblicas soviéticas. A tática é dificultada pela recusa da Rússia de Vladimir Putin, que multiplica as pressões e ameaças contra os países da ex-URSS, e que já atraiu Armênia em seu projeto de união aduaneira.
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