Relatório francês descarta envenenamento de Arafat, diz imprensa
A agência de notícias francesa AFP e o canal France Inter informaram nesta terça-feira que os especialistas autorizados pela Justiça francesa para investigar a morte do ex-líder palestino Yasser Arafat descartaram a tese de envenenamento do líder palestino.
Arafat morreu em 2004 em um hospital perto de região de Paris, aparentemente por causa de um derrame hemorrágico, causado por uma disfunção sanguínea desconhecida. O corpo do ex-dirigente palestino foi enterrado sem passar por uma autopsia.
As circunstâncias do enterro provocaram a suspeita da mulher do líder da Organização para a Libertação da Palestina, Suha Arafat, de que ele teria sido envenenado por alguém do seu entorno. Em 2012, o corpo do palestino foi exumado para a análises de especialistas da Suíça, da Rússia e da França.
A análise francesa foi realizada a pedido da Procuradoria de Nanterre, que investiga o caso, e apontou que Arafat foi morto por uma infecção generalizada, não provocada por agentes venenosos. Eles não deram detalhes sobre o que teria causado a infecção.
O relatório é divulgado um mês após especialistas suíços afirmarem que havia quantidades anormais de polônio-210 no corpo. O elemento químico estava concentrado nas costelas e pélvis de Arafat, segundo os cientistas, que afirmam, em um relatório de 108 páginas, ter até 83% de confiança no envenenamento.
O documento faz ressalvas, porém. Diz não ser possível excluir a manipulação das amostras analisadas, a despeito da garantia da viúva de que isso não aconteceu. Os cientistas disseram que não há certeza de 100% por causa do intervalo de nove anos desde a morte e das amostras limitadas com que trabalharam.
Já os especialistas russos afirmam que não foram encontrados traços do metal radioativo nos restos mortais de Arafat. O líder foi o primeiro presidente da Autoridade Nacional Palestina, em 1996, e foi ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1994, junto com o presidente de Israel, Shimon Peres, e o premiê Yitzhak Rabin.
A viúva de Arafat disse estar "perturbada" com as contradições entre os especialistas suíços e franceses sobre as causas da morte de seu marido.
"Estou muito perturbada com essas contradições (...) O que devo pensar?", declarou Suha Arafat, acrescentando que não deseja "acusar ninguém".
REPERCUSSÃO
O presidente da comissão palestina que investiga a morte de Arafat, Taufik Tirawi, colocou em dúvida nesta terça-feira que o histórico líder palestino tenha morrido por uma "infecção generalizada".
"Se isso fosse certo, porque os especialistas franceses não disseram claramente há nove anos", disse Tirawi em declarações à Efe.
O representante palestino, que preside a comissão investigadora oficial da Autoridade Nacional Palestina (ANP), rejeitou fazer qualquer outro comentário até ter em mãos os resultados oficiais da investigação francesa.
Israel, por sua vez, disse "não estar surpreso" com o resultado da investigação francesa.
"Não nos surpreende em nada", disse à agência Efe o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Isarel, Yigal Palmor, depois de conhecer os resultados de uma investigação encarregada pela Justiça francesa que excluem a possibilidade de Arafat ter morrido envenenado.
Palmor qualificou o resultado de "lógico", e acrescentou que "este deve ser o ponto final no assunto".
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