Pelo menos 20 civis são mortos em ataque a base da ONU no Sudão do Sul
Pelo menos 20 civis que estavam refugiados em uma base da ONU no Sudão do Sul foram assassinados durante um ataque em que também morreram dois capacetes azuis indianos, informaram as Nações Unidas nesta sexta-feira.
A base localizada no povoado de Akobo, estado de Jonglei, foi atacada por cerca de dois mil jovens da etnia Lou Nuer. Havia 36 refugiados no local.
Os dois capacetes azuis indianos morreram "defendendo a base contra os agressores", indicou o comunicado.
Um terceiro soldado da missão de paz foi ferido no peito e está sendo tratado na capital, Juba.
Havia 43 capacetes azuis na pequena base da ONU no momento do ataque.
"Cerca de dois mil jovens armados supostamente da etnia Lou Nuer cercaram a base da Missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS), em Akobo, e abriram fogo na direção dos civis da etnia Dinka, que tinham se refugiado em seu interior", infirmou a ONU.
"Os membros da força de paz da UNMISS dentro da base foram atacados quando tentavam negociar com os agressores", destacou.
Veja fotos da crise no Sudão do Sul
Os agressores roubaram armas e munições dos capacetes azuis indianos da base, antes de fugir com a chegada de reforços.
A enviada da ONU para o Sudão do Sul, Hilde Johnson, chamou o ataque de "ato criminoso" e disse que "os responsáveis devem ser levados à justiça".
CRISE
O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, comprometeu-se a manter um "diálogo sem condições" com seu adversário e ex-vice-presidente Riek Machar, em uma tentativa de frear os confrontos entre facções rivais nesse país, informaram diplomatas nesta sexta-feira.
Kiir pertence à tribo Dinka e Machar é membro do clã Lou Nuer. Ambos anunciaram sua intenção de concorrer às eleições presidenciais de 2015.
A rivalidade entre Kiir e Machar remonta às décadas de guerra civil por causa da rebelião do Sul, que lutou contra o Sudão pela independência entre 1983 e 2005.
Ministros de Etiópia, Quênia, Uganda, Djibuti e Sudão viajarão para Juba, em uma missão para tentar conter os conflitos e manter um canal aberto com Salva Kiir. Os ministros também pretendem visitar os detidos que iniciaram os distúrbios no domingo passado.
Os 15 membros do Conselho de Segurança divulgaram um comunicado, no qual pedem a ambos os dirigentes que "demonstrem liderança para conseguir uma solução rápida e pacífica para essa crise, fazendo um apelo pelo fim das hostilidades e começar imediatamente o diálogo".
O Conselho expressou um "sério alarme" diante do agravamento da crise, considerado uma ameaça para toda a região.
Diante da crescente instabilidade no Sudão do Sul, os Estados Unidos enviaram 45 militares com a missão de "garantir a proteção dos cidadãos e dos interesses americanos" no país, informou o presidente Barack Obama ao Congresso em Washington.
Segundo a ONU, entre 500 e 800 pessoas teriam morrido nos confrontos esta semana entre facções do Exército leais a Kiir e a Machar, e a situação é "instável e confusa" no país.
Rebeldes leais a Machar anunciaram nesta quinta a conquista de Bor, capital do estado de Jonglei, o que foi confirmado pelo porta-voz militar Philip Aguer.
O Sudão do Sul –um país rico em petróleo, mas com uma população muito pobre– vive em permanente instabilidade desde sua independência do Sudão, em 2011.
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