Ativistas de direitos humanos negam relações com a Al Qaeda
O líder qatariano de uma organização de direitos humanos com sede em Genebra vai recorrer às sanções que lhe são impostas pelos Estados Unidos por supostamente financiar a Al Qaeda, disse ele nesta segunda-feira.
Abd al-Rahman al-Nuaymi foi um dos dois homens listados como terroristas globais pelo Departamento do Tesouro dos EUA na quarta-feira, algo que coloca o Qatar, um aliado dos EUA, em uma posição desconfortável.
Doha se opõe a Al Qaeda, mas dá apoio a grupos islâmicos no Egito e na Síria, para a ira de seus aliados árabes conservadores do Golfo, que temem que a ascensão do Islã político desafie seus governos.
Nuaymi, que dirige a organização de direitos humanos Alkarama, "fornece dinheiro e apoio material, além de transmitir mensagens para Al Qaeda e suas afiliadas na Síria, Iraque, Somália e Iêmen há mais de uma década", disse o site do Departamento do Tesouro.
Nuaymi, 59, negou as acusações que afirmou terem sido motivadas por suas críticas às políticas dos EUA na região, como os ataques mortais de drones no Iêmen. Ele afirmou ter confiança de que o governo do Qatar o apoiaria.
"Esta é uma decisão política que tem como alvo as minhas atividades políticas e jurídicas de apoio às manifestações da Primavera Árabe e de defesa dos oprimidos em nossa região, o que tem irritado alguns regimes que não toleram tais atividades", disse ele à Reuters.
"Estou disposto a ir ao tribunal e fazer o que for preciso porque estou confiante de que isso é apenas uma farsa". Nuaymi disse que entrou em contato com advogados nos Estados Unidos para a representação legal.
O Tesouro dos EUA afirmou que Nuaymi ordenou a transferência de cerca de US$ 600.000 para a Al Qaeda através de um representante na Síria este ano e supervisionou a transferência de mais de US$ 2 milhões por mês para a Al Qaeda no Iraque por um tempo.
A partir de meados de 2012, ele também forneceu cerca de US$ 250.000 para dois membros da Al Shabaab, de acordo com os EUA.
A Alkarama, uma organização não-governamental fundada em 2004, tem trabalhado com as Nações Unidas, a Anistia Internacional e a Human Rights Watch para documentar violações de direitos na região.
O Tesouro dos EUA informou que também tinha adicionado Abd al-Wahhab al-Humayqani, um político iemenita e ativista dos direitos humanos, a sua lista de terroristas globais.
Segundo os EUA, Humayqani forneceu apoio financeiro para a Al Qaeda na Península Arábica através de seu órgão de caridade no Iêmen e agiu em nome da rede islâmica.
Humayqani também negou as acusações e disse que foram motivadas politicamente. Ele afirmou que havia trabalhado em documentar e criticar os ataques contra civis tanto por militantes da Al Qaeda e como por drones norte-americanos.
A Human Rights Watch afirmou em agosto que dezenas de civis iemenitas foram mortos em ataques com mísseis dos EUA, incluindo ataques com drones, lançados como parte da campanha contra a Al Qaeda na região.
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