Afeganistão soltará 88 presos, apesar de queixas dos EUA
O Afeganistão irá libertar 88 prisioneiros, conforme planejava, apesar de os EUA considerá-los perigosos e pedirem que eles permaneçam detidos, informou à Reuters uma comissão que analisa os processos.
Os presos estão recolhidos à base aérea de Bagram, ao norte de Cabul. Os EUA só recentemente transferiram essa prisão ao controle afegão, depois que o local se tornou fonte de sérias tensões entre os dois governos.
O presidente afegão, Hamid Karzai, instruiu as autoridades afegãs de inteligência a apresentaram mais provas contra os prisioneiros à comissão de revisão das penas. A ordem foi dada depois que os EUA disseram que os presos representam uma ameaça à segurança pública e estavam comprovadamente envolvidos na morte de militares estrangeiros.
Mas o chefe da comissão de revisão, Abdul Shakor Dadras, disse que os indícios existentes não justificam a manutenção dos acusados atrás das grades. "Os documentos que vimos até agora não oferecem uma razão para condená-los", disse Dadras por telefone à Reuters na noite de domingo. "Nossa decisão é libertá-los assim que possível se não houver indícios incriminadores contra eles."
A discordância em torno dos prisioneiros representa mais um impasse nas relações entre Afeganistão e EUA, já abaladas pela recusa de Karzai em assinar um acordo bilateral de segurança que definiria os termos da presença militar dos EUA após a retirada da maior parte do contingente internacional, neste ano.
Senadores dos EUA que visitaram o Afeganistão na semana passada pressionaram o presidente a impedir a libertação dos acusados, alertando que isso abalaria de forma irreparável as relações entre Washington e Cabul.
A provável libertação também preocupa muitos funcionários do governo afegão, que acreditam que os presos voltarão ao campo de batalha.
Autoridades dos EUA dizem que cerca de 40% dos prisioneiros se envolveram em ataques nos quais 57 civis afegãos e membros das forças afegãs foram mortos ou feridos.
Além disso, 30% dos presos participaram de ataques diretos que mataram ou feriram 60 membros da força da Otan no Afeganistão, liderada pelos EUA.
O gabinete de Karzai não se manifestou de imediato sobre o assunto.
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