Chanceler brasileiro ouvirá explicação dos EUA sobre espionagem amanhã
O chanceler Luiz Alberto Figueiredo vai se encontrar na quinta-feira (30) com a conselheira de segurança nacional dos EUA, Susan Rice, para discutir a revisão nas regras da Agência de Segurança Nacional (NSA).
Rice ligou para Figueiredo antes do discurso em que o presidente americano, Barack Obama, anunciou reformas no programa de espionagem americano, em 17 de janeiro.
A conselheira tratou das reformas na agência e o convidou para encontro na quinta em Washington. Na conversa, ela vai detalhar o que mudará no sistema de monitoramento.
"Estou indo a Washington a convite da conselheira de segurança nacional, Susan Rice, para continuar o diálogo, uma vez que foi concluída a avaliação interna da NSA. Uma nova data para a visita da presidente Dilma não será discutida", disse Figueiredo em entrevista durante cúpula de países latino-americanos e caribenhos em Havana (Cuba).
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O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, e a conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice |
Dilma cancelou sua visita de Estado a Washington em outubro depois das revelações do ex-técnico da NSA Edward Snowden de que os EUA a teriam espionado.
Em sua fala há duas semanas, Obama disse que os EUA "não vão monitorar as comunicações de chefes de Estado e governo de amigos e aliados próximos", a não ser que haja "motivo convincente de segurança nacional".
O discurso foi considerado genérico pelo governo brasileiro. Agora, seria a chance de Rice explicar de maneira mais específica as mudanças planejadas na NSA.
O encontro é visto como "um passo" no processo de reaproximação entre os dois países. Mas Dilma insiste em um pedido de desculpas de Obama pela espionagem. O encontro com Rice, segundo a Folha apurou dentro do governo brasileiro, de maneira nenhuma elimina a necessidade desse pedido.
Os EUA já aceitaram participar da reunião sobre regras na internet que o governo brasileiro vai realizar em São Paulo, em abril.
COMÉRCIO
Figueiredo também vai se reunir com Mike Froman, o representante de comércio dos EUA. Na pauta estarão a abertura do mercado americano para a carne in natura brasileira, que está em fase final de negociação, e o "contencioso do algodão", em que a Organização Mundial do Comércio determinou que os subsídios dos EUA a produtores de algodão eram ilegais.
Os países chegaram a um acordo determinando que os americanos teriam de pagar uma compensação de US$ 147 milhões por ano ao Brasil, mas os EUA deixaram de cumprir esse acordo.
O chanceler pode dizer a Froman que, caso isso não se modifique, o Brasil cogita retaliar, elevando tarifas de importação e quebrando patentes, como previsto pela OMC.
Segundo a Folha apurou, o governo brasileiro vai falar também sobre sua preocupação com novos tipos de ajuda a agricultores americanos que constam da Lei Agrícola aprovada pela Câmara, considerados "muito negativos".
Outro possível tema no encontro com Froman são as negociações em curso após a Conferência Ministerial da OMC em Bali (Indonésia), ocorrida em dezembro.
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