Oposição ucraniana teme ação do exército contra manifestantes
A oposição ucraniana advertiu a Europa que considera "muito provável" uma intervenção do exército contra os manifestantes que protestam há mais de dois meses em Kiev.
Em um encontro em Munique com autoridades europeias —como a chefe da diplomacia da União Europeia (UE) Catherine Ashton— um dos líderes da oposição, Arseni Yatseniuk, afirmou que é "muito provável" que as autoridades ucranianas cogitem "recorrer à força, inclusive com a participação do exército".
Os militares ucranianos afirmaram que não tentariam interferir na crise, mas na sexta-feira (31) pediram presidente Viktor Yanukovytch, "comandante supremo das Forças Armadas", que adote medidas urgentemente para "estabilizar a situação no país", por considerar que a integridade territorial está ameaçada.
Yatseniuk também se reuniu com o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, e com o presidente alemão Joachim Gauck.
Após o encontro, ele afirmou que a Alemanha estava disposta a receber o ativista opositor Dmytro Bulatov para proporcionar atendimento médico.
Bulatov declarou na sexta-feira (31) que foi torturado durante uma semana depois de ter sido sequestrado em 22 de janeiro.
O opositor, que relatou ter sido "crucificado e sofrido cortes", ficará sob prisão domiciliar como "suspeito de organização de distúrbios", informou a polícia.
O ministério do Interior da Ucrânia afirmou na sexta-feira (31) que não descarta que haja "uma encenação de sequestro para provocar uma reação negativa na sociedade".
PROTESTOS
O movimento de protesto começou em novembro, depois da decisão repentina de Yanukovytch de desistir de assinar um acordo de associação com a UE, negociado durante meses. Ele optou por uma aproximação da Rússia, que concedeu um crédito de 15 bilhões de dólares e uma redução do preço do gás.
Desde dezembro, opositores ocupam a praça da Independência, em Kiev, e, há duas semanas, ocupam também as sedes de dois ministérios e de governos regionais no oeste do país.
Para tentar conter o avanço dos opositores, o governo chegou a aprovar uma lei punindo a invasão dos prédios estatais.
A medida fazia parte da lei contra os protestos que provocou a radicalização do movimento há duas semanas, o que gerou confronto com a polícia e cinco mortes. Na terça (28), a lei foi derrubada pelo Parlamento, como parte das concessões feitas pelo governo.
Além do fim da legislação, houve a renúncia do gabinete do primeiro-ministro Mykola Azarov e a aprovação de uma lei de anistia. A revogação da legislação que limitava os protestos e a lei de anistia foram promulgadas nesta sexta pelo presidente Viktor Yanukovich, que está em licença médica desde quinta.
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