Xingamento de diplomata americana à UE é divulgado no YouTube, Alemanha reage
Em áudio divulgado no Youtube, a subsecretária de Estado dos EUA para Europa, Victoria Nuland, critica o trabalho da União Europeia (UE) em relação à crise na Ucrânia.
"Que se fod... a UE!", diz a nova subsecretária de Estado em um telefonema recente com o embaixador americano em Kiev, Geoff Pyatt, quando discutiam os próximos passos a seguir para tentar resolver a crise pelos protestos em favor da democracia nesse país.
Na conversa por telefone, a subsecretária acrescenta ter tido informações de que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pretende nomear um antigo embaixador holandês em Kiev, Robert Serry, como seu representante na Ucrânia.
Andrew Kravchenko/Efe |
A subsecretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, posa para foto com oposição ucraniana |
"Isso seria fantástico para ajudar a unir tudo isso, ter a ONU que una isso e, você já sabe, que se fod... a UE", disse ela, em uma aparente referência às diferenças entre Washington e a UE sobre a Ucrânia.
Nuland e Pyatt parecem discutir sobre a crise na Ucrânia e a oferta do presidente Viktor Yanukovitch em janeiro de nomear o líder da oposição Arseni Yatseniuk como primeiro-ministro e o popular boxeador e também opositor Vitali Klitschko como vice-primeiro-ministro. Ambos rejeitaram a oferta.
Em conversa com os jornalistas, a porta-voz Jen Psaki também rebateu as alegações russas de que Washington está se intrometendo na política interna de Kiev, já que, no telefonema, ouve-se a subsecretária falando de quem deveria e de quem não está no governo ucraniano.
Não deveria "ser uma surpresa" que os funcionários americanos falem desse tema, comentou Psaki, insistindo em que se tratou de uma "conversa diplomática privada".
Em dezembro, Nuland esteve na praça Independência de Kiev, em sinal de apoio aos manifestantes.
CRISE DIPLOMÁTICA
A chanceler alemã, Angela Merkel disse que os comentários depreciativos de diplomatas norte-americanos sobre o papel da UE na crise ucraniana, "totalmente inaceitável", disse seu porta-voz na sexta-feira.
O porta-voz de Merkel, Christiane Wirtz, disse que a Alemanha está satisfeita com o trabalho do chefe da política externa da UE, Catherine Ashton, que liderou os esforços do bloco de mediação entre o Yanukovich e seus opositores que tomaram as ruas.
"O chanceler considera totalmente inaceitável estas observações e quer enfatizar que a senhora Ashton está fazendo um excelente trabalho", disse Wirtz em entrevista coletiva.
Já a UE se recusou a comentar as declarações de Nuland.
"Não comentamos os vazamentos de supostas conversas telefônicas", afirmou a porta-voz da chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton.
"A UE está comprometida em ajudar o povo ucraniano na atual crise política", completou, sem outros comentários.
DESCULPAS
Nuland pediu desculpas à UE depois de suas declarações pouco diplomáticas sobre o bloco.
Victoria "esteve em contato com seus contrapartes europeus e, claro, desculpou-se", disse Psaki.
INTERESSE RUSSO
Funcionários americanos não negaram que a conversa - publicada em um vídeo no Youtube com legendas em russo - tenha acontecido, mas se negaram a dar detalhes. Eles criticaram a Rússia por, supostamente, ter interceptado os telefonemas de diplomatas.
Para o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, o fato de o vídeo ter sido tuitado pelo governo russo "diz algo sobre o papel da Rússia" nos fatos.
"Não discutimos conversas privadas", acrescentou Carney, reforçando que Victoria "esteve em contato com seus pares da UE, e a relação com a UE é mais forte do que nunca".
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis