ONU e Irã fixam novas metas nucleares
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O Irã concordou ontem em adotar, até 15 de maio, sete passos práticos rumo a uma maior cooperação com a AIEA (agência nuclear da ONU). O entendimento foi confirmado num comunicado conjunto.
Diplomatas e especialistas de ambos os lados passaram o fim de semana reunidos em Teerã, envolvidos no que o comunicado chamou "conversas técnicas construtivas".
O acordo estabelece, principalmente, que a agência atômica tenha acesso a informações que permitam averiguar as intenções do programa nuclear iraniano.
O Irã sustenta que o programa tem finalidades pacíficas, mas há uma década o Ocidente manifesta suspeitas de que o país trabalhe para desenvolver armamento.
Uma das missões da AIEA é conter a proliferação de armas nucleares no mundo. Para isso, é essencial que tenha acesso ao tipo de informação descrito no acordo.
DE FORA DO ACORDO
Inicialmente esperava-se que a negociação previsse visita à usina de produção de água pesada de Arak -importante porque pode, em tese, fornecer ao Irã o plutônio, alternativa ao urânio enriquecido na fabricação de bomba nuclear. Uma equipe da AIEA já visitou Arak em dezembro.
Também ficou de fora do acordo a base militar de Parchin, onde, no passado, teriam sido conduzidos testes para fabricar armas nucleares. Interessa à AIEA saber se tais testes ocorreram de fato e quando teriam cessado.
O último dos pontos do documento divulgado ontem é especialmente importante.
Ele diz respeito aos chamados detonadores "bridge wire", dispositivos de funcionamento rápido que podem ser usados para armamentos.
Segundo um relatório de 2011 da AIEA, em 2008 o Irã havia afirmado desenvolver os detonadores para uso civil e militar convencional, sem, no entanto, dar detalhes.
Com o acordo de ontem, o Irã se compromete a fornecer dados que a agência julgue pertinentes para avaliar as intenções do Irã e a necessidade de desenvolvimento desses detonadores pelo regime.
Em paralelo às discussões na AIEA, o Irã negocia com o P5+1, formado pelas cinco potências que possuem assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido) mais a Alemanha.
Essas negociações resultaram, em novembro, em acordo assinado em Genebra, no qual o Irã aceitou suspender seu enriquecimento de urânio a 20% e congelar demais atividades nucleares, em troca de uma suspensão parcial das sanções econômicas impostas ao país.
Nova reunião ocorre a partir do dia 18, em Viena, e o acordo firmado ontem deve abrir caminho para que as discussões se concentrem na melhora das relações diplomáticas do bloco com o Irã.
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