Confrontos durante protesto deixam ao menos cinco mortos na Ucrânia
Pelo menos cinco pessoas morreram e 150 ficaram feridas durante os confrontos entre as forças de segurança e manifestantes contrários ao presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, no centro da capital Kiev, no dia de protestos mais violento desde meados de janeiro.
Cerca de 2.000 opositores radicais retomaram a ocupação de prédios públicos na cidade e atacaram a sede do Partido das Regiões, ao qual o mandatário é filiado. O confronto acontece no dia em que o Parlamento discute uma reforma constitucional que limita o poder do presidente.
As equipes médicas da oposição confirmaram a morte de três manifestantes baleados, enquanto o governo informou sobre a morte de um policial e de um homem que foi encontrado dentro da sede do partido de Yanukovich.
No entanto, repórteres da agência de notícias Reuters dizem que encontraram outros três corpos em diferentes áreas do centro de Kiev, o que elevaria o saldo para sete. Outras 150 pessoas ficaram feridas, sendo 30 em estado grave. A polícia informou também que 37 agentes estão feridos.
Enquanto isso, os manifestantes radicais voltaram a ocupar a prefeitura de Kiev, de onde haviam saído no sábado (15) para cumprir a lei de anistia. Também ocupam o Clube de Oficiais e o Ministério da Justiça.
Mais cedo, cerca de 200 opositores radicais derrubaram os portões e incendiaram com coquetéis molotov a sede do Partido das Regiões, de Yanukovich. O governo decretou um ultimato para a retirada dos manifestantes, que terminou às 18h locais (13h em Brasília).
O ex-campeão de boxe Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição, pediu a saída de mulheres e crianças do centro de Kiev por temer que a polícia faça uma ação mais enérgica contra os manifestantes.
PARLAMENTO
As ocupações acontecem após confrontos violentos em frente à sede do Parlamento, durante manifestação que reuniu 20 mil pessoas. Opositores radicais romperam o cordão de policiais, dando início ao confronto, apesar da contrariedade de grupos mais moderados.
Na sede do Legislativo, a oposição pressionava a maioria governista a votar a reforma constitucional, que permitirá a volta do parlamentarismo ao país depois de quatro anos. Os rivais do governo dizem que o presidente poderia nomear nesta terça um novo primeiro-ministro.
A intenção dos opositores é evitar que o chefe de governo seja aliado de Yanukovich, que defende a parceria com a Rússia e rejeitou em novembro um acordo com a União Europeia. Para isso, esperam que parte dos aliados do governo ceda e vote a seu favor.
A votação acontece dois dias após o início da aplicação da lei de anistia, que retirou as acusações contra 234 manifestantes que foram presos desde novembro. Os opositores desocuparam prédios estatais em Kiev para conseguir a liberação dos ativistas.
Porém, alguns setores da oposição consideram que sair dos edifícios foi ceder demais. Na segunda (17), a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu rápida construção do novo governo e a reforma da Constituição em encontro com líderes das manifestações.
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