Atentados no sul de Beirute deixam quatro mortos
Um duplo atentado suicida contra um centro cultural iraniano em Beirute matou quatro pessoas, além de dois terroristas nesta quarta-feira.
O atentado foi reivindicado por um grupo afiliado à Al Qaeda, como resposta ao apoio do Irã e do grupo xiita libanês Hizbollah ao regime de Bashar al-Assad na guerra civil da Síria.
O Exército disse que o ataque num subúrbio xiita da zona sul de Beirute, considerado um reduto do grupo xiita Hezbollah, numa hora de grande movimento matinal, foi realizado por dois militantes suicidas a bordo de um carro carregado de explosivos.
As Brigadas de Abdullah Azzam, um grupo sunita radical, reivindicou a autoria do novo ataque, que deixou mais de cem feridos e foi descrito como um ato terrorista pelo primeiro-ministro Tammam Salam, um sunita.
O grupo é o mesmo responsável pelo ataque contra a embaixada do Irã em Beirute que matou 25 pessoas em novembro do ano passado.
Pelo Twitter, as Brigadas disseram que o alvo da "dupla operação de martírio" era o centro cultural iraniano. O grupo ameaça prosseguir com os ataques "contra o Irã e seu partido no Líbano", em referência ao Hizbollah, até que suas demandas sejam cumpridas, entre elas a de que "o Partido do Irã retire suas forças da Síria"
O Hezbollah afirma que seu envolvimento na Síria é necessário para proteger o Líbano dos extremistas sunitas.
Um juiz que investiga o caso disse que 160 quilos de explosivos foram usados no atentado. As explosões ocorreram a cerca de 20 metros do centro cultural, quebrando também as vidraças de um orfanato próximo, mantido por uma entidade beneficente sunita.
O embaixador iraniano no Líbano disse que entre os mortos há também um policial libanês que vigiava o centro cultural, mas que nenhum dos funcionários do local ficou ferido. Também há crianças entre as vítimas, e restos de corpos eram visíveis no local.
O primeiro-ministro sírio, Wael al Halqi, afirmou nesta quarta-feira que os países que apoiam, encorajam e financiam o terrorismo são os responsáveis pelo duplo atentado em Beirute. Para ele, a ONU e seu Conselho de Segurança devem cumprir seus deveres em relação à luta antiterrorista, "que ameaça a todo o mundo", e adotar resoluções para que esses países, os quais não especificou, deixem de amparar o terrorismo.
O governo do Irã condenou o ataque, que chamou de "ato terrorista com o objetivo alterar a estabilidade, a segurança e a unidade do Líbano".
Consideradas o braço da Al Qaeda no Líbano, as brigadas começaram a operar em 2009 e devem seu nome ao mentor de Osama bin Laden, um clérigo palestino da Jordânia considerado o impulsor da jihad global.
Os ataques desta quarta aconteceram poucos dias depois de o primeiro-ministro libanês, Tammam Salam, formar um novo governo de compromisso que reúne pela primeira vez em três anos o movimento Hizbollah e a coalizão liderada pelo ex-primeiro-ministro Saad Hariri.
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