China rechaça encontro entre Barack Obama e dalai-lama
Barack Obama recebeu o dalai-lama na Casa Branca na sexta-feira a despeito das objeções da China, que alertou que o encontro causaria graves danos ao relacionamento entre China e Estados Unidos.
O líder espiritual tibetano está nos Estados Unidos para uma série de palestras. A Casa Branca só anunciou o encontro na noite da quinta-feira, provocando uma queixa áspera de Pequim, no que se tornou uma espécie de ritual diplomático sempre que Obama se encontra com o monge budista exilado.
Jim Watson - 20.fev.2014/AFP | ||
dalai-lama discursa em evento em Tóquio |
Os dois líderes ganhadores do Nobel da Paz conversaram durante uma hora na sala de mapas da Casa Branca, um aposento menos prestigioso que o Gabinete Oval, onde o presidente norte-americano tradicionalmente recebe chefes de Estado estrangeiros. Jornalistas não puderam acompanhar o encontro.
A China acusou Obama de permitir que o dalai-lama use a Casa Branca como palanque para promover atividades antichinesas.
Hua Chunying, porta-voz do Ministério do Exterior chinês, disse antes da reunião que ela representava "uma interferência crassa na política interna da China" e "uma severa violação dos princípios das relações internacionais. Causará graves danos ao relacionamento entre China e Estados Unidos".
A China, que rotineiramente reage a encontros entre os líderes estrangeiros e o dalai-lama com represálias diplomáticas e sanções, informou ter expressado formalmente suas preocupações aos Estados Unidos, e instado Washington a tratar seriamente suas preocupações. A China se opõe amargamente à busca de maior autonomia para o Tibete pelo dalai-lama, e encara com desconfiança os esforços de Obama para ampliar a influência dos Estados Unidos na região.
Os chineses responderam com igual aspereza às reuniões entre Obama e o dalai-lama em 2010 e 2011, ainda que não tenham tomado medidas de represália concretas que pudessem prejudicar o relacionamento entre os dois países.
Em contraste, a China suspendeu o relacionamento diplomático de alto nível com o Reino Unido por cerca de um ano depois de um encontro entre o primeiro-ministro David Cameron e o dalai-lama Lama em 2012.
As relações só foram retomadas depois que o líder britânico declarou que não tinha planos para se encontrar de novo com o líder espiritual no futuro próximo.
Os Estados Unidos não responderam de imediato à mais recente reprovação chinesa. Mas ao anunciar a reunião, a Casa Branca declarou que Obama estava se reunindo com o dalai-lama em sua condição de líder cultural e religioso.
Como se para indicar que a reação chinesa era esperada, as autoridades norte-americanas reiteraram que reconheciam o Tibete como parte da China e não apoiavam a independência tibetana.
Pelo menos 120 pessoas no Tibete e nas áreas tibetanas da província chinesa de Sichuan, vizinha da região, se imolaram desde 2009 como protesto contra o domínio chinês.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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