EUA criticam Venezuela em relatório sobre direitos humanos
Em seu relatório anual sobre a situação dos direitos humanos no mundo, lançado nesta quinta-feira, o Departamento de Estado condenou a corrupção, a politização do sistema judiciário e as ações do governo para limitar a liberdade de imprensa na Venezuela.
Ao divulgar o texto, o secretário de Estado, John Kerry, destacou a recente crise política no país sul-americano, e disse que o governo dos EUA ficaria do lado dos "manifestantes pacíficos".
"Vamos fazer isso na Venezuela, onde o governo tem confrontado manifestantes pacíficos com vigilantes armados, prendido estudantes e limitado severamente as liberdades de expressão e de reunião", disse Kerry.
As declarações vêm um dia depois de o secretário de Estado afirmar que o país está "preparado" para melhorar as relações com Caracas. Nas últimas duas semanas o presidente Nicolás Maduro expulsou três diplomatas americanos do país. Em retaliação, três diplomatas venezuelanos foram expulsos dos EUA.
Segundo o relatório sobre os direitos humanos, o governo venezuelano "não respeita a independência do judiciário nem permite que os juízes atuem de acordo com a lei sem temer retaliações".
"O governo tem usado o judiciário para intimidar e processar políticos, sindicatos, empresários e líderes da sociedade civil críticos a ele", diz o texto. O Departamento de Estado também destaca a "intimidação e perseguição" a jornalistas, emissoras privadas de TV e outros meios de comunicação, por meio de multas, apreensões de equipamentos e até detenções.
BRASIL
Sobre o Brasil, o governo americano ressalta abusos cometidos por membros das forças de segurança, a precária condição dos presos em centros de detenção do país, além da existência de trabalho forçado e tráfico de meninas e adolescentes para exploração sexual.
O relatório cita o caso do pedreiro Amarildo de Souza, que desapareceu em julho do ano passado, após ser detido pela PM do Rio, e a acusação contra dez policiais por tortura, assassinato e ocultamento de cadáver.
"Houve homicídios praticados pela polícia do Estado. Em alguns casos, civis morreram durante operações policiais de grande escala, principalmente em favelas. Relatórios confiáveis indicaram que as autoridades policiais estaduais continuam envolvidas em assassinatos por vingança e intimidação de testemunhas", afirma o texto, ressaltando que a polícia foi, em muitos casos, a responsável pela investigação de acusações contra "colegas policiais".
A situação nas cadeias, que em muitos casos "ameaçam a vida" dos detentos, também está presente no relatório. Segundo o texto, só no Piauí, sete presos foram mortos no primeiro semestre de 2013.
RÚSSIA E CHINA
Os destaques do relatório, no entanto, são países em que as violações de direitos humanos foram mais evidentes em 2013, como Síria, Egito, Rússia e China.
No caso russo, Moscou é alvo de críticas pela repressão à oposição e a "populações marginalizadas, como minorias étnicas e religiosas e a comunidade gay".
"Leis, ações e o discurso oficial restringindo os direitos da comunidade LGBT, de imigrantes e de outras minorias têm coincidido com um aumento dos ataques violentos contras esses grupos", diz o relatório.
Na China, aponta o texto, a falta de independência do Judiciário tem "alimentado uma repressão do Estado contra ativistas e a repressão da dissidência política".
Os EUA, contudo, também são criticados por organizações de direitos humanos por manter aberta a controversa prisão de Guantánamo, em Cuba, e por permitir que Estados mantenham a pena de morte.
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