Forças Armadas da Ucrânia entram em estado de alerta
As Forças Armadas ucranianas entraram em estado de alerta para uma eventual invasão russa, anunciou neste sábado o presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchinov, depois que o Parlamento russo autorizou o envio de tropas ao país.
"Dei uma ordem para colocar as Forças Armadas em estado de alerta e reforçar a proteção das centrais nucleares, dos aeroportos e dos locais estratégicos", declarou Turchinov em entrevista coletiva, após uma reunião do conselho de segurança nacional e de defesa.
Editoria de Arte/Folhapress |
"Estamos certos de que a Rússia não fará uma intervenção, e de que isto significaria a guerra e o fim da relação entre os dois países", declarou o primeiro-ministro, Arseni Yaseniuk.
O chefe de governo disse ter conversado o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, e pedido que "as forças russas no Mar Negro retornem a seus quartéis, para reduzir a tensão".
"Uma intervenção militar seria inaceitável, uma vez que se trataria de uma violação de todos os acordos internacionais", assinalou.
A reação é uma resposta da Ucrânia ao presidente russo, Vladimir Putin, que obteve neste sábado a autorização da câmara alta do Parlamento para enviar forças armadas à região da Crimeia, na Ucrânia. A decisão possui efeito imediato.
Mais cedo, o líder da Duma (a câmara baixa), Sergei Naryshkin, já havia pedido a Putin que "adotasse medidas para estabilizar a situação na Crimeia e usasse todos os meios disponíveis para proteger a população da Crimeia da tirania e da violência".
Alexander Khudoteply/af |
Manifestantes pró-Rússia fazem protesto na cidade de Donetsk em apoio ao ex-presidente Viktor Yanukovich |
Conforme a agência russa de notícias, Interfax, os parlamentares também afirmaram que "é impossível" realizar eleições "legítimas e democráticas" na Ucrânia no momento.
Embora tenha maioria étnica russa, a Crimeia é uma região autônoma pertencente à vizinha Ucrânia.
Mais cedo, o chefe do Executivo da Crimeia, Sergei Aksionov, já havia pedido ajuda ao presidente russo, Vladimir Putin, para "restabelecer a paz e a tranquilidade" na região.
No mesmo comunicado, ele também anunciou a decisão de pôr todas as forças de segurança locais sob seu controle pessoal. Segundo ele, ocorreram distúrbios na região com o uso de armas de fogo e as estruturas de segurança são incapazes de restabelecer a ordem de maneira efetiva.
Aksionov foi nomeado primeiro-ministro no último dia 27 pelo Parlamento da Crimeia, que destituiu o governo anterior e, além disso, aprovou a convocação de um referendo para ampliar a autonomia da região, que será realizado no dia 25 de maio.
OTAN
Após pedido da Lituânia e Letônia a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) fará uma reunião de emergência.
É apenas a quarta vez na história que é pedido uma reunião de emergência por risco de ataque à soberania de países, segundo informações do jornal britânico "Guardian"
A população da Letônia é 30% russa — 40% na capital Riga. Na Lituânia a minoria russa é de 6%.
NAVIOS DE GUERRA
Dois navios de guerra russos foram vistos na costa ucraniana perto de Sebastopol, violando acordos sobre bases navais, segundo fontes militares russas disseram à agência Interfax.
ONU PEDE CALMA
O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu neste sábado a imediata restauração da calma e do diálogo para resolver a crise na Ucrânia.
Ban está muito preocupado e falará por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para discutir a situação, disse seu porta-voz, Martin Nesirky.
Ele "pediu a restauração imediata da calma e um diálogo direto entre todas as partes envolvidas para resolver a atual crise", disse o porta-voz.
"O secretário geral deseja falar diretamente com o presidente Putin para expressar suas preocupações, mas também para escutar diretamente do presidente Putin sua avaliação da situação", disse.
O Conselho de Segurança da ONU começou a segunda reunião de emergência em 24 horas depois que o Parlamento russo aprovou a mobilização de tropas para a Ucrânia.
Ban reiterou seu pedido de "total respeito e preservação da independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia", acrescentou o porta-voz.
AJUDA
O governo ucraniano pediu ajuda aos EUA e outros membros do Conselho de Segurança da ONU para ajudar na manutenção da integralidade territorial após os planos da Rússia de mandar forças armadas à região autônoma da Crimeia.
"Não podemos parar a extensão dessa agressão", disse o embaixador da Ucrânia na ONU Yuriy Sergeyev.
Ele disse que qualquer invasão da Rússia será uma agressão ao acordo de 1994 que mantinha a integralidade territorial da Ucrânia e pediu aos membros do Conselho de Segurança para que usem a diplomacia para evitar um confronto.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis