Malásia nega que manchas de satélite chinês sejam destroços de avião
O governo da Malásia negou nesta quinta-feira que as manchas encontradas por um satélite chinês sejam destroços do Boeing 777 da Malaysia Airlines, que desapareceu no último sábado (8) quando seguia de Kuala Lumpur para Pequim.
O anúncio aumenta o mistério e a confusão de informações sobre o sumiço, o que provoca a irritação das autoridades chinesas, dos parentes dos passageiros e de alguns dos 12 países envolvidos nas buscas pela aeronave.
Reprodução/BBC |
Foto divulgadas por órgão chinês que mostra objeto flutuando no mar |
As manchas foram reveladas na manhã de hoje (noite de quarta em Brasília) pelas autoridades chinesas. Em entrevista coletiva, o ministro de Transporte da Malásia, Hishammuddin Hussein, informou que os aviões da Força Aérea enviados ao local não encontraram nenhum vestígio da aeronave.
O ministro disse ainda que, depois da busca, a embaixada chinesa no país enviou uma nota ao governo malasiano afirmando que as imagens foram divulgadas por engano. Pequim ainda não comentou sobre o comunicado.
Hussein afirmou também não ter provas de que o jato continuou a transmitir detalhes técnicos após perder o contato com o tráfego aéreo. Mais cedo, o jornal americano "The Wall Street Journal" informou que o avião transmitiu esses dados por cinco horas após o último contato com o tráfego aéreo.
A publicação afirma que, com isso, a aeronave poderia ter passado próximo à fronteira do Paquistão, em uma área a mais de 2.000 km do local onde fez a última comunicação, baseado em informações colhidas pela Rolls Royce, fabricante das turbinas, e entregues a investigadores americanos.
O ministro diz que tanto a Rolls Royce quanto a Boeing, fabricante do avião, afirmam que o última informação foi transmitida à 1h07 local (14h07 em Brasília), 23 minutos antes do último contato dos pilotos com o tráfego aéreo. As duas empresas ainda não comentaram sobre a reportagem.
Segundo o governo malasiano, as buscas foram expandidas para o mar de Andaman, ao oeste da Malásia, um dos locais para onde se acredita que o avião tenha ido. A outra hipótese analisada pelas autoridades é que ele tenha caído no golfo da Tailândia, local do último contato.
Os investigadores não descartaram nenhuma causa para o desaparecimento do avião. Analistas dizem que pode ter ocorrido uma pane elétrica extensa ou que um dos pilotos ou passageiros tenha desligado o transponder, aparelho que detecta a aeronave no ar.
CONFUSÃO
A falta de informações conclusivas e os vários desmentidos da Malásia aumentam o mistério e a confusão sobre o desaparecimento. Isso provocou a irritação das autoridades chinesas e dos familiares dos passageiros, que insultaram e jogaram garrafas de água contra a equipe malasiana durante entrevista em Pequim.
O chefe da Autoridade de Aviação Civil chinesa, Li Jiaxiang, mostrou sua impaciência com os malasianos e voltou a pedir que as buscas se acelerem. "Esperamos que a divulgação de informações feita pela Malásia seja mais cuidadosa", disse.
A série de confusões começou no domingo (9), quando as autoridades disseram que seis passageiros não haviam embarcado, quando na verdade eram apenas quatro.
Na segunda (10), o ministro dos Transportes disse que dois passageiros que usaram passaporte falso se pareciam com o jogador italiano Mario Balotelli, negro de origem africana.
No dia seguinte, foi divulgado que ambos eram iranianos, com uma nova gafe: as fotos mostradas exibiam os suspeitos com as pernas iguais, no que a polícia disse ser depois um erro ao copiar as imagens.
"As autoridades malasianas merecem ser criticadas. A forma como eles lidaram com as informações foi atroz", diz Ernest Bower, especialista em Sudeste Asiático do Centro para Estratégia e Estudos Internacionais em Washington.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress |
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