Obama anuncia sanções contra sete russos e quatro ucranianos
O presidente Barack Obama anunciou, na manhã desta segunda-feira, ter autorizado a aplicação de sanções contra 11 autoridades e políticos russos e da Crimeia por minarem a democracia na Ucrânia, e disse estar disposto a determinar mais punições deste tipo.
"Se a Rússia continuar a interferir na Ucrânia, estamos prontos a impor mais sanções", disse Obama, em um breve pronunciamento na Casa Branca. "Estamos deixando claro [à Rússia] que há uma consequência para suas ações", completou.
Ele ainda alertou a Rússia que a intervenção militar do país na Ucrânia "apenas aprofundará seu isolamento diplomático".
A União Europeia, por sua vez, anunciou sanções contra 21 pessoas -13 russos e oito líderes da Crimeia.
As decisões foram anunciadas no dia seguinte à aprovação, por referendo na Crimeia, da anexação da península à Rússia. Tropas russas ocupam a região.
Para Obama, o referendo é "uma clara violação da constituição ucraniana e da lei internacional" e não será reconhecido pela comunidade internacional. "Os EUA apoiam o povo da Ucrânia e o seu direito de determinar seu próprio destino", afirmou.
Fontes do governo americano disseram, numa teleconferência, que há evidências concretas que parte dos cartões de votação no referendo de domingo teriam chegado pré-marcados em muitas cidades da Crimeia. Ainda haveria vários indícios de "anomalia".
As sanções anunciadas nesta segunda pelos EUA atingem sete russos, entre eles, Dmitry Rogozin, vice-prêmie do país, e a presidente da câmara alta do parlamento russo, Valentina Matviyenko. O ex-presidente ucraniano Viktor Yanucovich, e o primeiro-ministro da Crimeia, Sergei Aksionov, aliado a Moscou, também serão alvos das restrições.
Segundo os mesmos oficiais americanos, que falaram sob a condição de anonimato, as sanções não foram aplicadas ao presidente russo, Vladimir Putin, diretamente porque os EUA nunca começam a adoção de restrições pelos chefes de Estado. No entanto, os escolhidos pelo governo americano são "muito próximos a ele".
As sanções preveem restrições de viagem, suspensão de vistos e o congelamento de bens nos EUA. Um dos alvos da sanções, Rogozin debochou da decisão dos EUA em sua conta no Twitter.
"Camarada Obama, e o que você vai fazer com aqueles que não têm nem bens e nem contas no exterior? Ou será que não pensou nisso?", escreveu.
A lista dos sancionados pela União Europeia não será divulgado até que as medidas entrem em vigor, segundo a BBC. O chanceler da Lituânia, Linas Linkevicius, disse, pelo Twitter, que mais medidas podem ser tomadas contra a Rússia nos próximos dias..
O bloco ainda demonstrou apoio à Ucrânia anunciando a retirada temporária de tarifas alfandegárias sobre as exportações do país à Europa.
O chanceler ucraniano, Andriy Deshchytsya, saudou as decisões de EUA e UE. "É um passo adiante na mobilização da comunidade internacional e no enfrentamento à decisão russa de violar a ordem e as leis internacionais. A Crimeia é parte integrante da Ucrânia", disse à BBC.
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