Apurações preliminares mostram ex-chanceler na liderança de eleição afegã
A apuração preliminar da eleição presidencial do Afeganistão mostra o ex-chanceler Abdullah Abdullah liderando os votos em partes da capital, Cabul, nesta segunda-feira. Porém, como a contagem dos votos deve durar semanas, ainda é muito cedo para prever quem será o vencedor.
Os outros dois principais candidatos denunciaram casos de fraude na eleição de sábado (5 de abril). O pleito marcará a primeira transferência democrática de poder na história do Afeganistão, já que o atual presidente, Hamid Karzai, deixará o cargo depois de mais de 12 anos como chefe de Estado.
A contagem dos votos de todas as partes do país, que tem cerca de 30 milhões de habitantes, acontecerá na capital. Nesta segunda, caminhões cheios de urnas de plástico começaram a chegar em Cabul.
TROPAS AMERICANAS
Os Estados Unidos planejam retirar a maior parte de suas tropas do país até o fim de 2014. Acredita-se que quanto mais o Afeganistão tenha que esperar para a definição de um novo líder, maior será o risco de instabilidade provocada pela insurgência do Taleban e por brigas entre facções tribais e étnicas.
"Estamos tentando iniciar a contagem o mais rápido possível", disse Noor Mohammad Noor, porta-voz da Comissão Eleitoral Independente. "É um longo processo... Vai levar tempo."
Se nenhum dos oito candidatos obtiver mais de 50% dos votos, um segundo turno terá de ser realizado, na melhor das hipóteses, no fim de maio.
Pesquisas de boca de urna nas seções eleitorais de Cabul mostraram que Abdullah estava firme na liderança, confirmando sua popularidade.
SEGUNDO TURNO
Embora não haja previsão de que resultados preliminares sejam divulgados antes do dia 24 de abril, parece cada vez mais provável que Abdullah vá para o segundo turno, enfrentando Ashraf Ghani, ex-funcionário do Banco Mundial que propõe um programa radical de reforma econômica.
Ex-ministro da Fazenda, Ghani deve obter boa votação no norte, já que seu companheiro de chapa, Abdul Rashid Dostum, da etnia uzbeque, é um ex-líder guerrilheiro que tem grande influência sobre boa parte da região.
De acordo com contagens preliminares informais de todo o país, o ex-ministro de Relações Exteriores Zalmai Rassoul pode chegar num distante terceiro lugar.
Acredita-se que ele tenha o apoio de Karzai e se saia melhor no sul, dominado pela etnia pashtun, área onde a família de Karzai reforçou a sua influência ao longo dos anos.
DENÚNCIAS
Numa ação que lembra a fraude em massa que marcou a eleição presidencial anterior, em 2009, as campanhas de Ghani e Rassoul disseram ter recebido denúncias de violações e informaram ter passado as reclamações aos encarregados das queixas na Comissão Eleitoral.
Líderes internacionais e afegãos elogiaram a votação de sábado e disseram ela teve uma participação maior do que o esperado –cerca de 60 % dos 12 milhões de eleitores.
No entanto, há temores de que insurgentes do Taleban estejam se preparando para interromper o longo processo de apuração dos votos e realizar ataques em todo o país, uma vez que as medidas de segurança foram flexibilizadas.
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