Greve geral na Argentina começa com confronto entre polícia e manifestantes
A greve geral que acontece desde a meia-noite desta quinta (10) na Argentina, registra seus primeiros incidentes pela manhã. A paralisação, convocada pelas três maiores centrais sindicais de oposição ao governo de Cristina Kirchner, teve a adesão de grupos de esquerda que atuam com piquetes em estradas por todo o país.
A polícia tentou desobstruir o trecho da rota Panamericana fechado próximo à cidade Campana (a 75 km de Buenos Aires) e houve confronto. Os policiais usaram balas de borracha contra os piqueteiros e estes reagiram com pedras. Algumas pessoas ficaram feridas.
Em Buenos Aires, 16 pontos de acesso à cidade estão obstruídos com manifestações.
A capital federal da Argentina amanheceu vazia, com muitos comércios fechados e principais avenidas e ruas sem trânsito algum.
A greve afeta principalmente o transporte no país. Ônibus e trens não circulam nas cidades e não há voos domésticos. Muitos táxis não conseguem trabalhar por falta de combustível, já que os postos também estão fechados.
Os grevistas protestam contra a inflação e os recentes ajustes econômicos da Casa Rosada e pedem negociações salariais sem intervenção do governo.
TURISTAS
No início da tarde, a Folha percorreu o bairro de Palermo, que concentra grande número de turistas. Muitas lojas estavam fechadas, assim como cafeterias e restaurantes, que trabalhavam com o cardápio reduzido.
Estes últimos funcionavam com equipes enxutas e cardápios reduzidos, já que não há caminhões fazendo abastecimentos. As grandes redes de supermercados também abriram, mas faltam alguns produtos perecíveis nas prateleiras.
A reportagem encontrou um grupo de cinco amigas do Rio de Janeiro em uma cafeteria de Palermo enquanto olhavam um mapa da cidade e decidiam para onde ir.
As cinco estudantes de moda contaram que tiveram que viajar um dia antes do previsto para Buenos Aires, porque as companhias aéreas Aerolíneas Argentinas e LAN informaram que não realizariam o trajeto nesta quinta-feira.
"Tive que perder aula e não pude terminar alguns trabalhos. A sorte é que alugamos um apartamento aqui e a diária já valia desde ontem à noite", disse Bia Salomão, 25. "Queríamos visitar uma exposição no museu Malba, mas não sei se está aberto. Decidimos fazer tudo a pé aqui por Palermo mesmo, já que também está difícil achar táxi", contou Manoela Ribeiro, 23.
O Malba está funcionando normalmente.
CASA ROSADA
O chefe de gabinete da Casa Rosada, Jorge Capitanich, afirmou nesta manhã que os organizadores da greve "querem sitiar as cidades como faziam os senhores feudais na Idade Média".
O ministro, que já havia dito ontem que não se poderia medir o grau de adesão à paralisação já que as pessoas que queriam trabalhar seriam impedidas por falta de locomoção, afirmou que está em curso "um grande piquete com greve de transporte".
TRANSPORTES
A greve afeta principalmente o transporte no país. Ônibus e trens não circulam nas cidades e não há voos domésticos. Muitos táxis não conseguem trabalhar por falta de combustível, já que os postos também estão fechados.
O metrô em Buenos Aires, que havia informado a paralisação de apenas uma de suas cinco linhas, também não está funcionando.
Segundo a Metrovias, concessionária do serviço, alguns grevistas do sindicato dos metroviários impediram à força a circulação dos trens no início da manhã. "Não podemos garantir as condições para operarmos nem a segurança dos funcionários e passageiros", informou a empresa.
AEROPORTOS
No aeroporto internacional de Ezeiza, os voos de TAM e Gol para o Brasil estavam previstos nos horários. "Por aqui está tudo tranquilo. O problema é no Aeroparque", disse à Folha uma funcionária da Gol que pediu para não ser identificada.
O Aeroparque, aeroporto mais central de Buenos Aires que concentra a maioria dos voos domésticos do país, não está funcionando hoje por causa da greve das companhias Aerolíneas Argentinas e LAN e de funcionários do setor aeronáutico.
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