Premiê do Japão envia oferenda a santuário e irrita países vizinhos
O premiê do Japão, Shinzo Abe, enviou uma oferenda ritual ao santuário Yasukuni, visto por críticos como um símbolo do militarismo passado do país, provocando novamente a indignação de China e Coreia do Sul.
Os dois vizinhos foram invadidos pelo Japão no início do século 20 e só foram desocupados após a derrota na Segunda Guerra Mundial. O Yasukuni abriga parte dos militares mortos no conflito, que estão envolvidos em crimes contra a humanidade durante a invasão
A agência de notícias estatal chinesa Xinhua criticou o gesto de Abe, que foi considerado "um tapa na cara do aliado mais próximo do líder do Japão". O Ministério das Relações Exteriores sul-coreano também reagiu com revolta.
Reuters | ||
Oferenda com come do premiê, Shizo Abe, é deiado em templo associado ao militarismo do antigo Império Japonês |
"Deploramos o fato de que o primeiro-ministro Shinzo Abe tenha romantizado o colonialismo japonês e sua guerra de agressão prestando homenagem no santuário Yasukuni", disse em um comunicado, ressaltando que o fato ocorreu apesar das demonstrações de preocupação da comunidade internacional.
A oferenda de Abe, que visitou o santuário em dezembro mas não foi pessoalmente este ano, foi enviada pouco antes de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, iniciar uma visita de três dias ao Japão na quarta-feira.
Abe afirmou que, como antecessores, como o ex-premiê Yasuhiro Nakasone, que visitaram o local, ele tem grande estima pelos laços do Japão com a China e a Coreia do Sul, que sofreram com a ocupação e a colonização japonesas no século vinte.
EMPRESA
Para aumentar o desassossego na região, no sábado um tribunal marítimo chinês apreendeu um navio de propriedade da empresa de transporte japonesa Mitsui O.S.K. Lines, gesto que o Japão alertou poder ter um impacto adverso em seus negócios na China.
O tribunal disse que a empresa não pagou uma compensação derivada de uma obrigação contratual dos tempos de guerra. O Ministério das Relações Exteriores chinês disse que o desentendimento é uma disputa comercial normal.
O Japão afirmou que a apreensão do barco, aparentemente a primeira vez em que bens de uma empresa japonesa foram tomados em uma ação relativa a compensações da Segunda Guerra Mundial, foi "extremamente lamentável".
"É inevitável que isso tenha um impacto adverso em empresas japonesas na China",disse o secretário-chefe de gabinete, Yoshihide Suga. "Exortamos fortemente o governo chinês a reagir adequadamente".
O porta-voz do ministério chinês, Qin Gang, disse se tratar de "uma disputa de contrato de negócios corriqueira", acrescentando que o governo irá salvaguardar os direitos de investidores estrangeiros.
"Nada mudou na posição do governo chinês no tocante a aderir e defender cada princípio da Declaração Conjunta Sino-Japonesa", afirmou, referindo-se a um anúncio de 1972 segundo o qual os dois países estavam estabelecendo laços oficiais.
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