G7 concorda em impor novas sanções à Rússia por crise na Ucrânia
O G7 anunciou na noite de sexta-feira que imporá novas sanções contra a Rússia na semana que vem, em represália ao aumento da tensão entre o novo governo ucranianos e milicianos aliados de Moscou no leste do país.
A decisão foi anunciada em comunicado dos sete membros do grupo –Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e Canadá. Segundo o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, as restrições serão colocadas contra diretores do empresas de energia e de bancos russos.
Para ele, a medida terá forte efeito na economia russa, que já vem sendo afetada pela disputa com a Ucrânia. As sanções foram acertadas após uma série de telefonemas do presidente Barack Obama com outros líderes do G7.
Nos últimos dias, o americano conversou com os primeiros-ministros britânico, David Cameron, e italiano, Matteo Renzi, com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande. Na quinta (24), ele se encontrou em Tóquio com o chefe de governo japonês Shinzo Abe.
Para o grupo, o governo russo "não tomou nenhum passo" para implementar o acordo de paz com a Ucrânia, assinado em Genebra no dia 17. O pacto prevê o desarmamento de grupos extremistas e a desocupação de prédios estatais no leste ucraniano.
"Em vez disso, continuou a elevar a tensão pelo aumento de sua retórica preocupante e com ameaçadores exercícios militares na fronteira com a Ucrânia. Nós ressaltamos que a porta ainda está aberta para uma solução diplomática para esta crise".
As sanções são a principal estratégia de Obama para isolar a Rússia, que é acusada pelo G7 de dar apoio aos milicianos que tomaram cidades do leste ucraniano. A União Europeia também deverá aumentar o número de russos punidos na semana que vem.
Moscou nega influência na ação dos militantes pró-Rússia e acusa o governo ucraniano de perseguir a região, que possui maioria de origem russa. O Kremlin não reconhece a governo dos vizinhos, cujos membros foram os responsáveis por derrubar o presidente Viktor Yanukovich, aliado de Moscou, em fevereiro.
A União Europeia, porém, é pressionada pelas empresas locais para não aumentar o ritmo das sanções contra a Rússia. Segundo o jornal "The New York Times", a pressão maior vem do setor energético. Cerca de 30% do gás natural consumido pelos europeus é vendido pelos russos.
REFÉNS
Neste sábado, o rebelde que se diz prefeito de Slaviansk, Viacheslav Pornomariov, disse que aceitaria trocar por milicianos pró-Rússia presos pelo governo ucraniano os sete inspetores da Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (Osce) presos na sexta (25).
"Eles eram soldados que entraram no nosso território sem a nossa permissão. Nós ainda não sabemos o que vamos fazer até determinar quem eles são e que tipo de atividades eles desempenhavam aqui."
Mais cedo, os milicianos havia acusado os observadores de serem espiões da Otan. Eles ainda sequestraram outros seis membros da comitiva –cinco funcionários do governo ucraniano e o motorista do ônibus em que a delegação estava.
Os insurgentes disseram que todos os presos estão bem. No entanto, o Serviço Secreto ucraniano afirma que um inspetor precisa de atendimento médico.
O presidente interino ucraniano, Oleksander Turchinov, acusou a Rússia pelo sequestro. "Esse delito não pode ter sido cometido sem autorização ou ordem direta da Rússia, que coordena e apoia terroristas que ocupam prédios, capturam reféns, torturam e matam".
Em comunicado, a Chancelaria russa afirma que fará o que estiver a seu alcance para conseguir a liberação dos inspetores. Devido à escalada da crise, o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, não participará da cerimônia de canonização dos papas João Paulo 2º e João 23.
Em viagem a Roma, o chefe de governo se reuniu com o papa Francisco. O pontífice lhe deu de presente uma caneta. "Espero que, com esta caneta, você assine a paz. Farei todo o possível para que se consiga", disse o papa a Yatseniuk.
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