Milhares de peregrinos fazem vigília à espera da canonização de papas
A noite promete ser de vigília para milhares de católicos que estão em Roma à espera da canonização dos papas João Paulo 2º e João 23.
Muitos vão acompanhar missas em igrejas da capital italiana e outros tantos prometem passar a noite nos arredores da Praça São Pedro, onde às 10h de domingo (5h, horário de Brasília) começa a cerimônia que vai declará-los santos.
Entre os peregrinos estão 38 poloneses que fazem parte de um grupo que viajou de ônibus até a Itália para homenagear o conterrâneo João Paulo 2º. Levaram colchões e comida para a vigília em volta da Praça São Pedro.
"Viemos até aqui para vivermos de perto essa festa. João Paulo 2º sempre foi um santo para nós, e vamos passar a noite acordados para rezar por ele", prometeu a empresária Jennete Deptuta, 38 anos, que divida a bandeira da Polônia com Grazyna Mroczek, 60.
Há também muitos brasileiros, como o bacharel em Direito Victor Mendes, 24, que viajou de Recife com um grupo de amigos de uma congregação local. Eles não escondem a preferência por João Paulo 2º. "Viemos por causa dele, é o papa da juventude, muito especial. E agora, um santo", diz.
Debaixo da chuva fina, a Praça São Pedro foi esvaziada por volta de 17h para ser reaberta no fim da madrugada de domingo. Espera-se cerca de um milhão de pessoas no local - as autoridades falam em cinco milhões pela região de Roma nos últimos dias, números, porém, que ainda não são oficiais. Telões foram montados pela prefeitura de Roma em quatro pontos da cidade para que as pessoas possam assistir à canonização.
O Vaticano promete uma transmissão em 3D pela televisão e internet e espera que dois bilhões de pessoas assistam em todo mundo à missa, comandada pelo papa Francisco, com a presença do papa emérito Bento 16. Cerca de 150 cardeais e bispos e seis mil padres vão ajudar na celebração. O Vaticano divulgou uma lista com 97 autoridades internacionais, incluindo 24 chefes de Estado. Nenhum nome brasileiro apareceu até agora.
O livro litúrgico da missa revela que, em determinado momento, o papa e seus auxiliares vão rogar para que Deus, sob as preces do agora "São João 23", ajude os líderes das nações a "rejeitar a escalada de ódio e violência". Há poucos dias, o papa Francisco pediu o fim da crise militar entre Ucrânia e Rússia. Na manhã deste sábado ele esteve com o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, que desistiu da cerimônia de canonização dos papas João Paulo 2º e João 23 para voltar a Kiev por causa da crise com Moscou.
Já "São João Paulo 2º" receberá apelo para ajudar a manter a "dignidade humana" na cultura, ciência e nos governos. Segundo o Vaticano, duas relíquias serão usadas na cerimônia: um frasco contendo sangue de João Paulo 2º e outro com pedaço de pele retirada de João 23 no ano de 2000, quando seu corpo foi exumado para a beatificação, declarada quando se reconhece o primeiro milagre.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis