Em desfile militar, Putin diz que povo soviético salvou Europa do nazismo
O presidente russo, Vladimir Putin, elogiou nesta sexta-feira a "força triunfal do patriotismo russo" no tradicional desfile militar que comemora a vitória de 1945 sobre a Alemanha nazista, considerada uma demonstração de poder em plena crise com a Ucrânia.
Após o desfile Putin foi à Crimeia para participar em Sebastopol, base histórica da frota russa do Mar Negro, nas celebrações da vitória contra os nazistas. É a primeira visita do líder russo desde que seu governo anexou, em março, o território até então oficialmente ligado à Ucrânia.
Os Estados Unidos criticaram a visita e repetiram que rejeitam a anexação da Crimeia por Moscou. "Essa viagem é provocativa e desnecessária", disse a porta-voz do Departamento de Estado americano, Jen Psaki.
"A força triunfal do patriotismo russo sai vitoriosa nesta celebração, na qual todos sentimos de maneira especial o que significa ser fiel à pátria e como é importante defender seus interesses", afirmou Putin em um discurso na praça Vermelha de Moscou para as tropas e os veteranos da Segunda Guerra Mundial.
"A vontade de ferro do povo soviético, sua coragem e sua firmeza salvaram a Europa da escravidão", disse Putin.
CRIMEIA
Na visita, Putin agradeceu às Forças Armadas e aclamou a anexação da península. "Tenho certeza de que 2014 estará nos anais do país como o ano em que os que vivem aqui firmemente decidiram estar juntos com a Rússia", disse o líder russo.
Putin foi recebido como herói pela população local, cuja maioria sempre foi de origem russa –a Ucrânia recebeu o domínio da Crimeia apenas em 1954, por iniciativa da União Soviética.
O secretário-geral da Otan (aliança militar ocidental), Anders Rasmussen, considerou a visita de Putin à Crimeia "inapropriada" e reafirmou: "Consideramos a anexação pela Rússia ilegal".
Moscou já confirmou a presença de Putin em 6 de junho na celebração dos 70 anos do desembarque aliado na Normandia (França), onde encontrará com o presidente americano, Barack Obama, e com a chanceler alemã, Angela Merkel.
UCRÂNIA
O tradicional desfile militar, no qual Moscou exibe sua grande capacidade militar, acontece em plena crise da Ucrânia, que se intensificou após a anexação da península da Crimeia à Rússia e agora tem um novo capítulo com o levante de pró-russos no leste do país.
Nesta sexta, houve novos relatos de confrontos entre ativistas pró-Moscou e forças ucranianas no leste. Desta vez, segundo Kiev, cerca de 20 separatistas teriam morrido em Mariupol, mas não são números oficiais –autoridades médicas teriam mencionado três mortes e 25 feridos.
Um referendo está previsto para amanhã em Donetsk e Lugansk, para aprovar a separação dessas regiões em relação à Ucrânia. Apesar do apelo de Putin para que a votação fosse adiada, os militantes decidiram mantê-la, embora não haja até agora detalhes de como isso será realizado.
O governo interino da Ucrânia já avisou que, assim como ocorreu na Crimeia, não vai reconhecer qualquer resultado. Tem dito que a única votação válida oficialmente é a eleição presidencial de 25 de maio.
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