Cameron e Hollande querem mudança para reagir a movimento eurocéticos
Os líderes da União Europeia (UE) chegaram nesta terça-feira (27) a Bruxelas para esboçar uma resposta ao avanço dos movimentos eurocéticos ou de ultradireita nas eleições para o Parlamento Europeu do último domingo (25)
O que deveria ser um jantar informal destinado a analisar a sucessão do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, acabou se transformando em cúpula de emergência.
As vitórias da Frente Nacional (FN) na França e do Ukip no Reino Unido, por exemplo, mostram a falta de harmonia que os anos de crise econômica deixaram em importantes setores eleitorais.
Esse voto é "uma clara mensagem que não podemos simplesmente ignorar", disse o primeiro-ministro britânico David Cameron ao chegar à cúpula europeia em Bruxelas.
"A Europa é muito grande, muito autoritária, muito intrusiva, deve se concentrar no que importa para criar empregos", acrescentou Cameron, segundo o caminho traçado por outros líderes britânicos, que consideram que a União Europeia se intromete demais nos assuntos internos.
O presidente francês, François Hollande, também chegou a Bruxelas pedindo uma mudança na UE.
"A Europa deve ouvir o que aconteceu na França", onde a ultradireitista Frente Nacional deixou a segunda posição para os conservadores e a terceira com os socialistas.
Hollande defendeu uma "reorientação da construção europeia". Ele pedirá esta noite que seja elaborado um conteúdo, um projeto de mandato para a próxima Comissão orientado "para o crescimento, para o emprego".
A chanceler alemã, Angela Merkel, pronunciou-se no mesmo sentido. Chegou com a ideia de que os 28 países-membros elaborem um "conteúdo de trabalho que deverá ser cumprido nos próximos cinco anos", ou seja, na próxima legislatura.
NOVO PRESIDENTE
Nos termos do Tratado de Lisboa, os líderes têm a responsabilidade de indicar um candidato a presidente da Comissão Europeia levando em conta as eleições ao Parlamento europeu e depois de consultas. O indicado deve ser aprovado por uma maioria absoluta no Parlamento.
Por isso, alguns grupos políticos do atual Parlamento designaram seus candidatos, entre eles o ex-primeiro-ministro de Luxemburgo Jean-Claude Juncker (PPE) e o atual presidente do Parlamento europeu, o alemão Martin Schulz (social-democrata).
Os líderes dos grupos políticos do Parlamento se reuniram nesta terça-feira e pediram aos líderes da UE que apontem Juncker para a presidência da Comissão. Partidos que representam mais de 500 assentos manifestaram o seu apoio ao mandato de Juncker.
Para iniciar as negociações, Juncker deve obter o consenso da maioria dos 28 Estados-membros. No entanto, a indicação dos líderes não deve ocorrer antes da próxima reunião formal, em Bruxelas, em 26 e 27 de junho.
O britânico Cameron considera Juncker um candidato "totalmente inaceitável", segundo publicou nesta terça-feira o jornal "Financial Times".
No Parlamento eleito nenhuma formação tem a maioria. De acordo com os últimos dados, do total de 751 assentos, o Partido Popular Europeu (PPE, conservadores) obteve 213 cadeiras; os social-democratas (S&D), 189; os liberais, 64; os Verdes, 52; a esquerda radical, 42; e os partidos antieuropeus ou de extrema-direita, 145.
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