Abdicação do rei Juan Carlos tem grande repercussão internacional
A abdicação do rei Juan Carlos 1º teve ampla repercussão nesta segunda-feira entre os chefes de governo e estado da Europa e do mundo.
Os meios de comunicação de todo o mundo destacam sua figura histórica, sua contribuição à democracia, seus problemas de saúde e os escândalos que rodearam à monarquia espanhola.
FRANÇA
"O rei da democracia", define "France Info", que também ressalta a deterioração da imagem da Casa Real nos últimos anos devido a "problemas de saúde e escândalos financeiros".
O também francês "Le Figaro" publicou que "na Espanha, a história se acelera" e publicou uma foto do príncipe Felipe e de sua esposa com a manchete: "Felipe e Letizia, os salvadores da monarquia espanhola".
O presidente francês, François Hollande, prestou homenagem ao rei Juan Carlos da Espanha e destacou seu papel como "artífice da transição após a ditadura franquista" e como símbolo da "Espanha democrática", segundo um comunicado da presidência.
"Dirigiu seu país ao caminho das liberdades civis e políticas, da integração europeia e da modernidade", afirmou Hollande, depois de conversar na manhã desta segunda-feira com Juan Carlos, que o "informou sobre sua decisão de abdicação", declarou o Eliseu.
REINO UNIDO
No Reino Unido, a rede "BBC" interrompeu sua programação para anunciar a abdicação de Juan Carlos I e destacou em seu site a declaração institucional do presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, sobre o processo que agora se abre.
"The Guardian" informou que a decisão acontece após 39 anos de reinado e lembrou que "o monarca que supervisionou a transição de seu país da ditadura à democracia teve problemas de saúde nos últimos anos".
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, destacou a contribuição do rei à democracia na Espanha.
Don Juan Carlos "fez muito durante seu reinado para ajudar a bem-sucedida transição da Espanha à democracia", apontou hoje o "premier" conservador, que destacou além disso que o monarca espanhol "foi um grande amigo do Reino Unido".
Cameron enviou uma mensagem ao presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, para homenagear o monarca espanhol.
"Eu gostaria de aproveitar essa oportunidade para fazer uma homenagem ao rei Juan Carlos, que fez tanto durante seu reinado para ajudar à bem-sucedida transição da Espanha para a democracia e que foi um grande amigo do Reino Unido", escreveu Cameron.
ALEMANHA
"O fim de uma era na Espanha", estampa por sua vez o diário alemão "Bild", o mais lido no país.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, destacou o "muito importante" papel do rei Juan Carlos na transição democrática da Espanha e sua "incrível contribuição" às relações bilaterais com seu país.
A chefe do governo alemão se pronunciou ao ser questionada pelos jornalistas em meio ao comparecimento público realizado na Chancelaria após sua reunião com o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Garibashvili. A notícia da abdicação do monarca espanhol foi anunciada pouco antes pelo chefe de governo da Espanha, Mariano Rajoy.
O rei teve "um papel muito importante na transição da Espanha à democracia" e realizou uma "incrível contribuição" para a melhora das relações bilaterais entre Berlim e Madri.
Merkel assinalou que mantinha frequentes conversas com Juan Carlos, intercâmbios que, segundo a chanceler alemã, eram "profundos" e "construtivos".
ITÁLIA
A agência de notícias italiana "Ansa" destacou em uma notícia urgente que Juan Carlos foi o "emblema do pós-franquismo e da Espanha democrática".
"No dia em que a rainha Elizabeth da Inglaterra completa seu sexagésimo segundo ano de reinado e Itália celebra a festa da República, a Espanha diz adeus a seu rei doente. Debilitado por problemas de saúde e escândalos, o rei Juan Carlos, de 76 anos, deixa o trono após 39 anos", escreveu por sua vez "Il Sole 24 Ore".
PORTUGAL
Os periódicos, televisões e rádios de Portugal interromperam sua programação e passaram a enfocar diretamente o processo que se abre agora na Chefia de Estado do país vizinho e contactaram para a análise com seus correspondentes em Madri.
EUA
Nos Estados Unidos, a notícia também dominou as manchetes. "A abdicação do rei, após quase quatro décadas no trono, acontece após problemas de saúde mas também em meio a uma queda em sua popularidade", publica o jornal americano "The New York Times".
A rede de televisão "CNN", por sua vez, exibe uma foto do rei vestindo uniforme militar com o titular "'Renuncio', diz o rei que desafiou os líderes golpistas na Espanha".
CHINA
Tanto a TV estatal chinesa "CFTV" como a agência oficial "Xinhua" escolheram a manchete direta "Rei Juan Carlos da Espanha abdica" e destacam os quase 40 anos de reinado do monarca, assim como sua abdicação em favor do príncipe Felipe.
PAÍSES ÁRABES
As redes "Al Jazeera", do Catar e a "Al Arabiya", dos Emirados Árabes Unidos deram destaque à informação em seus boletins de notícias, enquanto a agência oficial egípcia "Mena" definiu Juan Carlos I como "um dos reis mais prestigiados da Europa".
"A popularidade de Juan Carlos registrou um notável retrocesso nos últimos anos devido a vários problemas que sacudiram à família real, como ao caso Urdangarin", acrescenta "Mena".
JAPÃO
As duas principais agências de notícias do Japão, "Kyodo" e "Jiji", deram hoje a notícia da abdicação de Juan Carlos I com urgência, e ressaltaram que se tratava de um anúncio surpreendente e repentino.
SUÉCIA
O rei da Suécia, Carl Gustaf 16, elogiou nesta segunda-feira a figura do rei Juan Carlos na modernização da Espanha e expressou seu apreço e seu apoio após o anúncio de sua abdicação.
"O rei Juan Carlos se tornou monarca e chefe de Estado em 1975. E desde então significou muito para o processo de democratização da Espanha e contribuiu de forma positiva a seu desenvolvimento", assinalou em comunicado divulgado pela Casa Real sueca.
Carl Gustaf 16 destacou o "apreço" que tanto ele como o resto de sua família sentem por Juan Carlos e o resto da família real espanhola e lembrou a visita de Estado realizada a Suécia pelo monarca em 1979.
"Agora que recebi a mensagem que o rei Juan Carlos escolheu abdicar, quero enviar minha grande estima e agradecer a ele por uma colaboração especialmente boa e frutífera", assinalou.
O monarca sueco, de 68 anos, completou em 2013 quatro décadas no trono da Suécia
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