Estados Unidos vão trabalhar com novo governo palestino, diz Kerry
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse nesta quarta-feira (4) que o seu país irá trabalhar com o novo governo de unidade palestino "como precisamos", mas monitorando o seu comprometimento com a cooperação contínua com Israel.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, empossou o novo governo na segunda-feira (2), segundo um acordo de reconciliação entre seu movimento, Fatah, e o islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza.
"Vamos ficar observando [o novo governo] atentamente, como dissemos desde o primeiro dia, para ter a certeza absoluta de que mantém cada uma das coisas das quais falou, que não cruza a linha", declarou Kerry.
Kerry afirmou que Abbas lhe disse que o novo governo irá se comprometer com princípios de não-violência, negociações com Israel e acordos pré-existentes, incluindo a cooperação na segurança.
O secretário, que supervisionou as conversas de paz entre israelenses e palestinos que empacaram em abril, disse ter conversado nos últimos dias com Abbas e com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que no domingo (1º) recusou qualquer estímulo internacional para reconhecer o novo governo palestino.
Netanyahu criticou a decisão de Washington de trabalhar com o novo governo de unidade, mas Kerry ressaltou que o seu governo não reconheceu o novo gabinete palestino.
"Deixem-me ser bem claro: os Estados Unidos não reconhecem um governo em relação à Palestina, porque isso seria reconhecer um Estado, e não há um Estado", disse Kerry. "Esta não é uma questão de reconhecimento de um governo".
NEGOCIAÇÕES
Israel interrompeu as conversas de paz com Abbas, mediadas pelos EUA, quando o acordo de união entre Fatah e Hamas foi anunciado em 23 de abril.
Houve numerosas tentativas mal-sucedidas de reconciliação palestina desde que o Hamas tomou a Faixa de Gaza das forças do Fatah em um combate em 2007.
Israel e os Estados Unidos veem o Hamas como uma organização terrorista, e o Congresso dos EUA impôs restrições ao financiamento norte-americano da ANP, que chega a 500 milhões de dólares por ano, no caso de um governo de unidade.
Kerry afirma que a lei norte-americana de assistência à ANP instrui especificamente que o governo julgue devidamente a "influência imprópria do Hamas de qualquer maneira". "Iremos medir a composição e as políticas [do novo governo] e calibrar nossa abordagem de acordo", declarou.
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