Não é possível prever até onde vai insurgência no Iraque, diz Hillary
A ex-secretária de Estado e ex-primeira-dama Hillary Clinton disse nesta quinta-feira (12) que não era possível prever o quão longe iria o Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), organização militante sunita que surgiu em meio à crise síria e, nos últimos dias, tomou duas importantes cidades iraquianas: Mosul e Tikrit.
"Não é mais só um problema sírio", disse Hillary, durante evento de divulgação de sua nova biografia, "Hard Choices", no Council on Foreign Relations, em Nova York.
"Eu não poderia ter previsto o quão efetivo seria o EIIL em conquistar cidades no Iraque e dominar a região", afirmou. Hillary era secretária de Estado em 2011, quando os EUA retiraram suas tropas do Iraque.
Nesta quinta, ela reforçou que sua visão sobre a Síria sempre foi a de que os EUA deveriam ter considerado melhor a opção de "treinar e equipar membros de oposição moderados".
"No começo havia pessoas como farmacêuticos, professores ou estudantes pegando em armas sem ter qualquer treinamento", disse Hillary, que é o principal nome democrata para a corrida presidencial de 2016. "Onde estamos agora é claro para todos", afirmou, sugerindo que não houve mudanças significativas no cenário do conflito sírio desde então.
Hillary, no entanto, defendeu a decisão de retirar as tropas do Iraque em 2011. "Na verdade, o deadline havia sido estabelecido pelo governo anterior [Bush]", disse, destacando que houve "muito esforço" do governo americano para estabelecer um acordo sobre permanência de parte das tropas com o premiê iraquiano Nuri al-Maliki.
"No fim, o governo Maliki não concordou, e não poderia haver tropas remanescentes no país sem esse tipo de acordo", afirmou. Para ela, a situação é "diferente" agora no Afeganistão, onde o atual presidente, Hamid Karzai, também se recusa a assinar um acordo bilateral de segurança, que prevê proteção legal às tropas dos EUA que ficarem no país após a retirada oficial.
Segundo o governo americano, os dois candidatos a suceder Karzai -as eleições serão neste fim de semana- já se comprometeram em assinar o acordo.
No fim de maio, Barack Obama anunciou sua decisão de manter 9.800 militares americanos no Afeganistão após 2014. O grupo seguirá no país para treinar as forças afegãs e para operações pontuais de contraterrorismo.
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