Xiitas fazem parada em Bagdá para mostrar força contra insurgentes
Milhares de combatentes xiitas participaram neste sábado de uma parada militar em Bagdá tida como demonstração de força contra o Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), grupos sunita ultrarradical que controla partes do país.
Ocorrida num ambiente elétrico devido ao risco de atentado, a marcha foi promovida pelo Exército Mahdi, influente facção paramilitar sob ordens do clérigo oposicionista Muqtada al-Sadr.
A parada, que inclui voluntários aliciados às pressas para engrossar o contingente anti-EIIL, deixou claro que o Exército Mahdi continua ativo e confiante, embora oficialmente desmantelado desde 2008.
Aos gritos ritmados de "Mahdi", nome de um santo oculto venerado pelos xiitas, pelotões desfilaram pela manhã na Cidade Sadr, bairro pobre que é o maior bastião dos partidários do clérigo homônimo.
Muitos combatentes usavam uniforme da Polícia e do Exército, num claro sinal de que alguns milicianos dividem lealdade entre o Exército Mahdi e as forças oficiais do governo central, com quem está rompido.
Questionado pela Folha, um oficial com traje do Ministério do Interior identificado como Hadi Mahdi não deixou dúvida sobre quem tem a palavra final: "recebemos ordens do senhor Muqtada."
Na plateia do desfile estrva o governador da Província de Bagdá, Ali Timimi, em uniforme de combate militar e com pistola na cintura.
Ele negou acusações de que milícias xiitas estão jogando lenha na fogueira das tensões sectárias no Iraque. "Estamos todos juntos na luta contra o extremistas."
O Exército Mahdi se considera a maior barreira para impedir o EIIL de concretizar planos de tomar Bagdá e destruir santuários.
Sob sol escaldante, a parada exibiu o imponente arsenal dos partidários de Sadr, incluindo mísseis, fuzis e minas terrestres e marítimas.
Um tesoureiro do Exército Mahdi disse à reportagem que o grupo é financiado por doações individuais.
Cartazes e cânticos dos milicianos deixavam claro a oposição dos sadristas ao pedido de ajuda aos EUA lançado pelo premiê Nuri al-Maliki, também xiita.
"Olhando para esse desfile não fica claro que não precisamos da ajuda de ninguém?", disse o tesoureiro.
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