Após sanções da UE, Rússia bane importações de frutas da Polônia
A Rússia anunciou a proibição da maioria das importações de frutas e vegetais da Polônia nesta quarta-feira (30) e disse que pode estender as restrições para o resto da União Europeia, em sua primeira aparente retaliação a novas sanções ocidentais impostas na terça (29) por causa da crise na Ucrânia.
Moscou, que compra mais de € 2 bilhões da União Europeia em frutas e legumes por ano, é o maior mercado de exportação desses produtos. O país justifica a proibição como uma medida sanitária.
Fruticultores poloneses disseram, porém, que a proibição era política, embora a Rússia tenha negado. Moscou foi frequentemente acusado no passado de usar inspeções sanitárias para restringir o comércio com países com os quais tem disputas políticas.
A UE recebeu a notícia com surpresa.
A proibição veio um dia depois que a UE e os EUA impuseram suas primeiras sanções a amplos setores da economia russa, restringindo as vendas para as indústrias de petróleo e de defesa, além de limitar o acesso dos bancos controlados pelo Estado russo aos mercados de capitais ocidentais.
A Rússia nega as acusações da UE e dos EUA de que teria armado e apoiado os separatistas no leste da Ucrânia, onde um avião civil com 298 a bordo foi provavelmente abatido por um míssil lançado pelos rebeldes.
Segundo dados da Comissão Europeia, a UE vendeu à Rússia € 1,2 bilhão no valor de frutas e € 886 milhões no valor de vegetais em 2011, o que equivale a 28% das exportações de frutas e 21,5% da de vegetais. Para alguns países da UE, incluindo a Polônia, os percentuais são ainda maiores.
O segundo maior banco da Rússia, o VTB, disse nesta quarta-feira que estava pronto para obter financiamento em mercados fora da UE e dos EUA, depois de ser sancionado pelos ocidentais.
O Banco de Moscou não foi prejudicado com a nova rodada de sanções e não planeja se financiar em mercados externos, segundo disse nesta quarta. Além do Banco de Moscou e do VTB, o Agricultural Bank também foi sancionado.
IMPORTAÇÕES DA UCRÂNIA
O Ministério da Economia da Rússia elaborou um regulamento que introduz taxas de importação sobre bens ucranianos, o que seria uma resposta ao acordo comercial de Kiev com a UE.
A Rússia havia dito que talvez responderia com barreiras comerciais após Kiev assinar um acordo de associação com a UE que prevê o livre comércio.
Diversos produtos ucranianos –de cerveja a móveis e carros– estarão sujeitos a taxas que a Rússia aplica a "nações mais favorecidas", acabando com o regime tarifário mais brando.
O novo regulamento ainda não foi revisado por outros órgãos governamentais e deve passar por um especialista jurídico antes de ser apresentado ao governo. A medida não requer votação no parlamento e entrará em vigor um mês após a sua publicação oficial.
ALEMANHA
O ministro da Economia alemão e vice-chanceler, Sigmar Gabriel, afirmou que as novas sanções à Rússia podem prejudicar a economia alemã, mas a paz é mais importante.
"Sabemos que podemos sofrer consequências econômicas. O comércio com a Rússia não é extraordinariamente grande, mas tem algum significado", disse Gabriel, acrescentando que acredita que as sanções terão um efeito sobre a Rússia muito rapidamente.
"No entanto, num momento de guerra e paz, a política econômica não é a consideração principal," disse.
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