Presidente iraquiano nomeia novo primeiro-ministro para enfrentar crise
O presidente iraquiano Fuad Masum solicitou ao deputado xiita Haidar al-Abadi que forme um novo governo, em uma rápida cerimônia exibida ao vivo pela televisão nesta segunda-feira (11).
"O país está agora em suas mãos", disse Masum a Abadi. O novo primeiro-ministro tem 30 dias para formar um novo governo.
Alguns minutos antes, o bloco parlamentar do partido xiita Aliança Nacional, que venceu as eleições parlamentares de abril, havia apresentado a candidatura de Abadi para substituir o primeiro-ministro Nuri al-Maliki.
Segundo o sistema eleitoral iraquiano, o premiê é escolhido pela coalizão vencedora e nomeado pelo presidente. Como a Aliança Nacional é liderada por Maliki, o premiê esperava ser nomeado para um terceiro mandato.
Abadi pediu aos iraquianos que se unam contra a campanha "bárbara" empreendida por militantes Estado islâmico. "Todos nós temos de cooperar para fazer oposição a essa campanha terrorista lançada no Iraque", disse pela TV após a nomeação.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Abadi, que nasceu em 1952 e tem doutorado pela Universidade de Manchester, ocupava o cargo de primeiro vice-presidente do Parlamento.
Ele viveu em Londres como opositor do regime de Saddam Hussein no exílio, até a queda do ditador em 2003, quando voltou ao seu país.
Pouco depois, o governo dos Estados Unidos parabenizou Abadi e manifestou o desejo que "forme e apresente um programa de envergadura nacional o mais rápido possível".
REAÇÃO
Um membro do bloco político de Maliki disse que "não vão ficar em silêncio" sobre a nomeação de Abadi.
"A nomeação é ilegal e é uma violação da Constituição. Iremos para o tribunal federal contra a nomeação", disse Hussein al-Maliki, genro de Maliki.
Maliki já deixou claro que quer o terceiro mandato, e forças de segurança pró-Maliki ocuparam áreas de Bagdá durante a noite de domingo (10). As tropas invadiram a zona verde de Bagdá, a área segura, onde muitos edifícios governamentais e a Embaixada dos Estados Unidos estão localizados.
Também no domingo, Maliki fez um discurso no qual acusou Masum de violar a Constituição por violar os prazos para escolha do premiê. Depois de eleito pelo parlamento –o que aconteceu em 24 de julho, o presidente tem 15 dias para nomear o premiê.
O xiita Maliki é criticado pelo seu autoritarismo e por marginalizar as minorias iraquianas, aumentando a tensão sectária no país.
O secretário de Estado americano, John Kerry, advertiu nesta segunda-feira ao primeiro-ministro iraquiano que não provoque problemas em relação às escolhas do Parlamento.
"Apoiamos totalmente o presidente Masum, que tem a responsabilidade de defender a Constituição do Iraque, afirmou Kerry durante uma visita a Sydney.
RADICAIS
O Iraque enfrenta a sua maior crise desde a queda de Saddam Hussein em 2003, com insurgentes radicais sunitas controlando grande parte do norte do país.
O Estado Islâmico (EI) decretou um califado (Estado que segue as leis islâmicas) nas áreas que controla no Iraque e na Síria.
Os radicais do EI ameaçam minorias no norte do país, como cristãos e os curdos yazidis, o que levou os EUA a realizar ataques aéreos contra os militantes, além de fornecer ajuda aos deslocados pelo conflito.
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