Mãe de americano supostamente morto por radicais pede liberdade a reféns
A mãe do jornalista americano James Foley confirmou a morte do filho e pediu a libertação de outros reféns do grupo radical Estado Islâmico (EI), que divulgou na terça (19) um vídeo no qual um homem identificado por eles como Foley é decapitado.
Embora ainda não haja confirmação oficial, dois funcionários americanos disseram à Associated Press que era Foley no vídeo. Segundo um dos funcionários, que falou na condição de anonimidade, o presidente americano, Barack Obama, fará um pronunciamento sobre o caso nesta quarta.
O FBI acredita que o vídeo é autêntico, segundo o GlobalPost.
Ainda segundo informações da AP, alguns funcionários disseram que o EI ameaçou matar Foley recentemente em resposta à intervenção americana no Iraque para ajudar curdos e iraquianos no combate aos radicais.
"Nunca estivemos mais orgulhosos de nosso filho Jim. Deu sua vida tentando mostrar ao mundo o sofrimento do povo sírio. Imploramos aos sequestradores que perdoem a vida do resto de reféns. Como Jim, são inocentes e não têm controle sobre a política do governo americano no Iraque, na Síria, nem em nenhum lugar do mundo", escreveu Diane Foley no Facebook.
Foley foi sequestrado na Síria em novembro de 2012.
"Agradecemos a Jim por toda a alegria que nos deu. Foi um extraordinário filho, irmão, jornalista e pessoa. Por favor, respeitem nossa privacidade nos dias de luto em sua honra", continuou a mãe do jornalista em uma breve nota publicada na página que a família criou para pedir a libertação do jornalista.
Philip Balboni, presidente do "GlobalPost", onde Foley trabalhava quando foi capturado na Líbia em 2011 junto do fotógrafo espanhol Manu Brabo e da jornalista americana Clare Gillis, agradeceu as mensagens de apoio e pediu "orações por Jim e sua família".
INVESTIGAÇÃO
A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos estados Unidos, Caitlin Hayden, disse que os serviços de inteligência trabalham para verificar a autenticidade do vídeo.
"Se for verdadeiro, estamos horrorizados pelo brutal assassinato de um jornalista americano inocente, e expressamos nossas profundas condolências à sua família e aos seus amigos", afirmou a porta-voz.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, vai interromper suas férias e voltar a Londres na quarta-feira para comentar sobre o vídeo.
"Ele vai se reunir com o ministro das Relações Exteriores e altos funcionários do Ministério do Interior, Ministério das Relações Exteriores e das agências para discutir a situação no Iraque e na Síria e a ameaça representada por terroristas do EI", diz um comunicado do gabinete.
O secretário das Relações Exteriores, Philip Hammond, disse antes que estava trabalhando com os EUA para identificar o homem que aparece no vídeo segurando uma faca e que parece ter um sotaque britânico.
Hammond disse que não ficou surpreso ao ouvir o sotaque britânico, já que um grande número de cidadãos britânicos foram lutar no Iraque e na Síria, onde o EI declarou um califado (Estado com leis islâmicas) nas áreas que controla.
REFORÇO
Alemanha está disposta a enviar armas para as forças de segurança curdas no norte do Iraque que também lutam contra o EI, segundo os ministros das Relações Exteriores e da Defesa disseram nesta quarta-feira.
Equipamentos militares como capacetes e coletes de segurança seriam enviados imediatamente, disse o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, acrescentando que a Alemanha também enviará armas.
Steinmeier lembrou que, na Europa, França, Itália e Reino Unido já tomaram medida semelhante. Os EUA também colaboram com armas para os curdos e os iraquianos.
O ministro das Relações Exteriores do Iraque Hoshiyar Zebari pediu nesta quarta-feira que o mundo apoie seu país na luta contra o EI.
Zebari disse que o EI é uma ameaça para o mundo e não só para as minorias étnicas do Iraque, cujos membros foram mortos durante a ofensiva dos radicais no norte do país.
O presidente francês, François Hollande, vai propor em breve uma conferência sobre a segurança no Iraque e a luta contra o EI, ao considerar que a situação internacional é a mais grave desde 2001.
"Devemos estabelecer uma estratégia global contra este grupo (...) que dispõe de recursos financeiros importantes e armas muito sofisticadas, e ameaça países como Iraque, Síria ou Líbano", em entrevista nesta quarta-feira ao jornal Le Monde.
VÍDEO
No vídeo, Foley se despede de sua família e acusa o governo dos Estados Unidos de ser o culpado de sua execução por causa da recente intervenção no Iraque –uma fala que pode ter sido determinada pelos sequestradores.
O presidente americano, Barack Obama, anunciou no último dia 7 que os EUA iriam realizar ataques aéreos contra o EI no Iraque, para conter seu avanço e evitar o genocídio das minorias étnicas iraquianas.
No vídeo, outro jornalista americano sequestrado –provavelmente trata-se de Steven Sotloff– é ameaçado.
Sotloff foi sequestrado na fronteira entre a Síria e a Turquia em 2013.
O Comitê para Proteção de Jornalistas estima que há 20 jornalistas desaparecidos na Síria, a maioria sequestrada pelo EI.
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