Polícia de Nova York usará câmeras em serviço
Até o fim do ano, 60 policiais de Nova York terão, de forma voluntária, suas ações monitoradas por câmeras presas ao uniforme enquanto estiverem em serviço.
A ideia do programa-piloto é que as câmeras capturem todas as abordagens policiais, para monitorar se há excesso por parte dos agentes. Se der certo, o sistema será estendido a toda a polícia.
A medida foi anunciada após a grande repercussão da morte do jovem negro Michael Brown, 18, por um policial em Ferguson, no Missouri, e da comoção após o assassinato do também negro Eric Garner, 43, durante uma abordagem da polícia de Nova York.
Depois desse caso, a aprovação do trabalho dos policiais da cidade caiu para 50%, o pior índice em 14 anos, segundo uma pesquisa da Universidade Quinnipiac.
O número de queixas contra a polícia subiu 11,5% nos últimos quatro anos (comparados os meses de janeiro a julho), de acordo com levantamento do Civilian Complaint Review Board, organização civil que monitora as denúncias contra a polícia. Só as acusações de uso excessivo da força subiram 18%.
Garner, um morador de Staten Island que estaria vendendo cigarros contrabandeados e tinha asma, morreu em 17 de julho ao ter pescoço e peito comprimidos durante batida policial. Um laudo da própria prefeitura de Nova York apontou homicídio.
Nos últimos dias, o chefe da polícia de NY, William Bratton, tem defendido mudanças no treinamento e na ação dos agentes –do qual já faz parte o teste com as câmeras, "por alguns meses".
Em 2013, um juiz federal havia ordenado que a polícia testasse as câmeras por um ano, mas a decisão foi suspensa por uma apelação. Bratton, no entanto, decidiu estabelecer o projeto-piloto por se tratar de algo "muito importante para esperar".
O prefeito democrata, Bill de Blasio, foi um dos principais críticos do rigor e da "seleção" –negros e latinos seriam o principal alvo– aplicados por policiais na prática do "stop and frisk" (pare e reviste) em gestões passadas.
Dois tipos de câmeras serão usadas no teste: a Vievu, do tamanho de um pager, que pode ser usada na parte da frente da camisa, e a Taser, menor, que pode se acoplar a um óculos, boina, capacete ou na ombreira da farda.
Com o projeto, a polícia de Nova York será a maior do país a usar a tecnologia. A de Los Angeles também está testando as câmeras, que já são usadas em cidades como San Francisco e Las Vegas.
Para o principal sindicato de policiais de Nova York, Bratton precisa explicar melhor o monitoramento: quando deverão ser ligadas as câmeras, por exemplo. "Os policiais não têm nada a esconder, mas ainda há questões sem resposta de ordem prática", disse o presidente do sindicato, Patrick J. Lynch.
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