Hamas pede que Abbas deixe de dialogar por meio da imprensa
O movimento Hamas exigiu neste domingo (7) que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pare de dialogar por meio da imprensa, após o dirigente acusar o grupo islamita de exercer um "governo obscuro" na Faixa de Gaza.
Em reunião com jornalistas realizada em sua residência no Cairo, o presidente da ANP declarou a jornalistas que em virtude do acordo de unidade entre os islamitas e o partido nacionalista Fatah, do qual é líder, o território ocupado deve ser governado por apenas uma autoridade.
Além disso, Abbas ameaçou deixar de cooperar com o Hamas se o grupo não mudar de atitude e aceitar o governo de unidade —que fora pactuado em junho passado entre os islamitas e o Fatah.
"Se Hamas não quer apenas uma autoridade, uma só lei e uma só arma, não vamos aceitar cooperar com eles", disse o presidente palestino e líder do secular Fatah.
O porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abu Zuhri, respondeu, por meio de um comunicado, que Abbas deveria continuar o diálogo frente a frente com o grupo em vez de fazer isso por meio da imprensa.
"Os comentários de Abbas contra nosso movimento e contra a resistência são injustificados e carecem de base. Estamos de acordo em realizar uma reunião entre o Fatah e o Hamas para continuar o diálogo e implementar a reconciliação", assegurou.
"Instamos que pare o diálogo por meio da imprensa e dê uma oportunidade ao diálogo entre os dois movimentos", disse o porta-voz do Hamas.
Hussam Badran, outro porta-voz do Hamas, condenou o que considerou uma "escalada na quantidade de investigações e detenções na Cisjordânia".
Ao longo do fim de semana, funcionários do Hamas denunciaram que forças da ANP prenderam vários de seus homens sem razão aparente neste território ocupado.
Após anos de disputas entre os dois principais grupos palestinos, Fatah e Hamas chegaram a um acordo para formar um executivo de unidade de caráter transitório, integrado fundamentalmente por figuras independentes, e que deverá preparar a realização de eleições gerais no meio ano.
No entanto, aparentemente as disputas entre as duas facções rivais seguem vigentes e podem ter aumentado depois que a imprensa local informou que forças da ANP se preparavam para retomar o controle da passagem fronteiriça de Rafah, no sul de Gaza e na fronteira com o Egito, e atualmente sob autoridade do Hamas.
A abertura da passagem de forma permanente foi uma das exigências do grupo islamita para se chegar a um cessar-fogo com Israel no último conflito armado em Gaza, que terminou em 26 de agosto, após 50 dias de combates e um saldo de mais de dois mil palestinos e 70 israelenses mortos.
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