Familiares de vítimas do 11/9 temem novo ato terrorista nos EUA
Todos os anos, no dia 11 de setembro, a portorriquenha Dolores Laguerre repete o mesmo ritual: veste uma camiseta com a foto da irmã, Diana O'Connor, compra uma rosa vermelha e segue para o World Trade Center para o evento em homenagem às 2.977 vítimas dos atentados de 2001.
Desta vez, no entanto, a cerimônia ocorreu poucas horas depois de o presidente Barack Obama anunciar a expansão da ofensiva contra a milícia radical Estado Islâmico (EI), considerada a mais nova e perigosa ameaça terrorista contra os EUA.
"Tenho medo de que algo parecido ocorra de novo. Com tanta coisa que está acontecendo, com o que temos visto nos jornais. Eu só rezo", diz Laguerre. A irmã, Diana, trabalhava numa consultoria na Torre 2 e morreu aos 37 anos, no mesmo dia do aniversário da mãe, Maria. "É sempre muito difícil. Acho que não vai passar nunca", diz.
Laguerre não é a única que acha que um novo ataque como os de 2010 pode ocorrer em solo americano. Ainda fortemente abalados com as perdas tão próximas ou com a experiência vivida naquele dia e nos que se seguiram, familiares, sobreviventes e voluntários que ajudaram nos trabalhos de resgate temem que os EUA sejam novamente alvo de terroristas.
"É evidente que há uma ameaça", disse Cory Palmer, cujo primo, George Llanes morreu aos 33 anos, na Torre 1. "O que o Obama fez ontem é o começo do que precisa ser feito. Mas outros países precisam se unir para conter os extremistas: Arábia Saudita, Jordânia, Kuait."
Para Palmer, o governo americano deveria considerar realocar os militares que voltarem do Afeganistão na fronteira com o México. "É ali que estamos mais desprotegidos, uma dessas pessoas do EI pode entrar por ali", afirmou.
Foi a primeira vez que o analista de sistemas, que se mudou recentemente para Nova York, participou da cerimônia, ao lado da mulher, Vicky –os dois vestiam camisetas com a foto de George. "Vim homenageá-lo e demonstrar meu apoio às outras famílias", disse.
"E não há um túmulo, esse é o túmulo do George", completou a mulher.
MUSEU
Como nas cerimônias em anos anteriores, os nomes de todas as 2.977 vítimas foram lidos por familiares, e um minuto de silêncio foi feito na mesma hora em que os aviões atingiram as duas torres e em que os dois edifícios caíram.
A homenagem desta quinta, contudo, foi a primeira depois da inauguração do Museu do 11 de Setembro. Até às 18h (19h do Brasil) o local ficaria fechado apenas para os familiares das vítimas.
Nesta semana, o museu recebeu dois novos objetos para exposição: a camisa do uniforme de um dos integrantes do Seal (tropa de elite da Marinha americana) usada na operação que matou Osama bin Laden e uma moeda especial dada ao agente da CIA (inteligência americana) que teve papel fundamental na captura do líder da Al Qaeda.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis