Com Copa e campanha, Dilma deixa de conceder credenciais a embaixadores
Desde outubro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff ignorou a chegada de embaixadores estrangeiros ao Brasil.
Ela não recebeu embaixadores de 28 países que precisam apresentar suas credenciais à chefe do Executivo para se tornarem oficialmente os representantes de suas nações no Brasil.
A demora, que tem gerado constrangimentos no meio diplomático e vem sendo encarado como uma descortesia, é causada principalmente pela realização da Copa do Mundo e do período eleitoral.
De acordo com reportagem do jornal "O Globo", entre os embaixadores que aguardam ser recebidos pela presidente estão os da Venezuela, da Nigéria, do Japão, do Chile, da Alemanha, de Cuba, da Turquia e do Paraguai.
Segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty, os embaixadores, logo quando chegam ao Brasil, apresentam no ministério um documento chamado cópia figurada da sua credencial para poderem atuar no país.
Com isso, eles podem exercer parte de seu trabalho. A única recomendação que a pasta faz é para que os diplomatas não façam visitas oficiais aos Estados brasileiros.
A apresentação da credencial ao presidente é uma formalidade para oficializar a representação do embaixador.
Em nota, o Palácio do Planalto informou que, desde 2011, Dilma participou de sete cerimônias, com a apresentação de 97 credenciais de embaixadores estrangeiros.
A nota diz ainda que, em 2014, "em razão dos grandes eventos internacionais realizados no país e do calendário eleitoral em curso, não se realizaram até o momento cerimônias de entrega de credenciais".
Sem detalhar uma posição, o Planalto afirma que uma próxima cerimônia já está sendo programada pela Presidência, "e deverá ser anunciada oportunamente". O Itamaraty não irá se pronunciar sobre o caso.
De acordo com "O Globo", a última vez em que Dilma recebeu credenciais de embaixadores estrangeiros foi em outubro do ano passado.
Na época, 19 diplomatas foram convidados para um almoço, no Itamaraty, pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo. Eles representavam, entre outros países, Estados Unidos, França, Reino Unido, Botsuana, Líbano, Honduras e Coreia do Norte.
CRÍTICAS
Na semana passada, o jornal "Última Hora", um dos maiores periódicos do Paraguai, publicou um editorial em que classificava como uma "desconsideração" e uma "afronta ao país vizinho" o fato de Dilma ainda não ter recebido as credenciais do embaixador Manuel María Cáceres. Ele está no Brasil há oito meses.
O jornal afirma que os paraguaios não têm nada a ver com a agenda eleitoral do Brasil, "ou com o desejo de suas autoridades de se reelegerem". "O que o governo de nenhuma maneira deve fazer é assistir impassível ao comportamento impróprio das autoridades de um país vizinho, especialmente quando esse comportamento implica diretamente ignorância ou desprezo pela respeitabilidade de toda a nação", destaca o jornal.
Em outro trecho, o editorial sugere que o governo paraguaio chame o embaixador de volta para o país.
"O governo do presidente Horácio Cartes deveria instruir a Chancelaria Nacional para que adote medidas recíprocas, para manifestar o desagrado que essa ação hostil supõe. A mandatária de uma nação que pretende ser séria não deve transformar as relações bilaterais com os vizinhos em questões de caráter puramente eleitoral", diz.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis