Dois militares rivais disputam poder em Burkina Faso
Dois dias após a renúncia do ditador Blaise Compaore, dois militares rivais passaram a reivindicar o cargo de chefe de Estado de Burkina Faso.
O General Honoré Traoré, chefe das Forças Armadas, havia se pronunciado chefe de Estado na quinta (30), depois dos protestos que levaram à queda de Compaore, que liderou o país por 27 anos. Mas neste sábado (1), um comandante da guarda presidencial, coronel Isaac Zida, afirmou que era "obsoleta" a declaração do general Traore e se pronunciou líder da nação. O Exército anunciou, horaas depois da aparição de um segundo militar reivindicando o poder, que apoia Zida para comandar o processo de transição.
Na quinta (30), milhares de manifestantes tomaram as ruas de Uagadugu, capital do país. protestando violentamente contra a tentativa do ditador Compaore de mudar a constituição para estender seu mandato.Burkina Faso enfrenta altas taxas de desemprego e o ditador era visto como corrupto.
Na sexta (31), Compaore renunciou à presidência. Ele divulgou um comunicado afirmando que a presidência estava vaga e pedindo a realização de eleições em 90 dias.Compaore fugiu para a Costa do Marfim, onde pediu asilo.
De acordo com o artigo 43 da constituição, o presidente do senado deveria assumir após a renúncia do presidente da república, e eleições deveriam ser realizadas dentro de 60 a 90 dias.
Mas as Forças Armadas decretaram estado de emergência e fecharam a câmara de deputados e o senado, deixando um vácuo de poder
"Eu agora assumo o cargo de líder da transição e chefe de Estado para assegurar a continuação do Estado e uma transição democrática tranquila", disse Zida em um comunicado pela televisão, negando a reivindicação do general Traoré ao poder, segundo a AFP.
Em um boletim veiculado pelas rádios locais, Zida afirmou: "Eu assumo a função de chefe de Estado e peço que o Ecowas (bloco dos países do oeste da África) e a comunidade internacional demonstrem sua compreensão e apoiem as novas autoridades"
Segundo a AFP, houve tiroteio perto do palácio presidencial e Zida decretou toque de recolher e fechamento das fronteiras.
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