Presidente uruguaio reafirma decisão de receber presos de Guantánamo
Em "carta aberta" ao americano Barack Obama e divulgada pelo governo uruguaio nesta sexta-feira (5), o presidente José Mujica reafirmou sua decisão de receber seis presos da base americana de Guantánamo, em Cuba, mas não estabeleceu datas para sua chegada.
Mujica ressaltou ter assumido o compromisso com Obama –que não cumpriu ainda sua promessa de fechar Guantánamo– por uma razão "humanitária", já que, segundo o uruguaio, seus prisioneiros sofrem um "sequestro atroz".
"Oferecemos nossa hospitalidade para seres humanos que sofriam um sequestro atroz em Guantánamo. A razão, iniludível, é humanitária", declarou.
O jornal uruguaio "El País" informou hoje que os detentos, considerados de baixa periculosidade, chegarão na última hora da segunda-feira ou nas primeiras horas da madrugada de terça-feira e serão levados ao Hospital Militar para passar por uma revisão médica.
Segundo o jornal, os detentos são um palestino, quatro sírios e um tunisiano que estavam em Guantánamo desde 2002 sem julgamento, "depois que foram feitos prisioneiros no Paquistão".
Fontes do centro hospitalar mencionado pelo "El País" asseguraram hoje à Agência Efe "não ter nenhum conhecimento" sobre a chegada destes prisioneiros, enquanto porta-vozes da chancelaria uruguaia evitaram confirmar ou desmentir a informação.
CUBANOS
Na carta, Mujica também reivindica a Washington a "libertação" dos agentes cubanos da operação Vespa condenados por espionagem nos EUA que seguem presos, e de Oscar López Rivera, um independentista porto-riquenho preso há mais de 30 anos.
"Temos certeza que estas reivindicações insatisfeitas abririam amplas avenidas a um processo de paz, entendimento, progresso e bem-estar para todos os povos que habitam aquela região crucial de nossa América", acrescentou.
A decisão de Mujica de receber presos de Guantánamo provocou críticas da oposição e também foi mal recebida pelos uruguaios, já que 58% deles rejeita a chegada ao país dos presos, de acordo com uma pesquisa divulgada em outubro.
Em meio à controvérsia, o governante decidiu adiar a decisão definitiva até o final do processo eleitoral que terminou em 30 de novembro com a vitória do ex-presidente Tabaré Vázquez (2005-2010) no segundo turno.
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