Kalashnikov relança AK-47, fuzil de Bin Laden, como 'arma do povo'
Não é dos empregos mais simples o de promover a marca do fuzil russo Kalashnikov, a arma que Osama bin Laden carregava a tiracolo e que enfeita o logo da organização terrorista Hizbullah.
Mas o conglomerado industrial russo Rostec, que produz o modelo AK-47, está iniciando uma ação de "reposicionamento de marca" para afastar a imagem negativa.
A ação envolverá vídeos de tom patriótico e fotos de militares atléticos empunhando a arma.
Os responsáveis pela divulgação não tentam esconder que, como arma, o fuzil tem entre seus objetivos a morte e a guerra. Mas, para pessoas envolvidas na promoção, como Grigór Bodalián, Kalashnikov também representa a igualdade de oportunidades.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
"É uma arma do povo", diz. "Pela primeira vez na história, as pessoas tiveram a chance de lutar em igualdade. Não apenas soldados com treinamento, mas também camponeses e mulheres."
Mas o aspecto negativo será difícil de combater na marra. O AK-47 é considerado a arma de infantaria mais difundida no mundo, com 100 milhões de fuzis em uso.
No início deste mês, a Rostec divulgou plano para 2020 que prevê elevar suas vendas globais em até quatro vezes. A empresa cita a região Ásia-Pacífico e a África como novos mercados.
VERSÁTIL
A invenção do AK-47, em 1947, é um momento decisivo na história da guerra. Seu design simples, eficiente e barato motivou sua adoção em exércitos ao redor do mundo, derrubando rivais menos versáteis no caminho.
"O Avtomat Kalashnikova refinou o conceito de fuzil de assalto. Os fuzis desse tipo são fáceis de operar, necessitam pouca manutenção para permanecer funcionais e podem ser produzidos utilizando maquinário relativamente rudimentar", diz Nic Jenzen-Jones, especialista em armas militares e diretor do Armament Research Services.
Para Andreas Krieg, professor no Departamento de Estudos de Defesa no King's College, o projeto do AK-47 não era revolucionário em si, tendo sido inspirado por armas alemãs no fim da Segunda Guerra Mundial. "Um fuzil tinha de ser leve, fácil de usar e resistente às mudanças no ambiente de uso."
"O que foi revolucionário no Kalashnikov foi a simplicidade e a habilidade de produzir em massa."
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