Líder estudantil Joshua Wong abandona greve de fome na China
O líder mais destacado dos protestos pró-democracia de Hong Kong, Joshua Wong, pôs fim neste sábado (6) à greve de fome iniciada na última terça-feira (2) por motivos de saúde.
"Depois que a equipe médica o advertiu de sua extrema fraqueza, ao ponto de desmaiar, ele encerrou o jejum", apontou Derek Lam Shun-hin, do movimento Scholarism, em entrevista coletiva. Wong cogita retomar a greve assim que se recuperar para continuar a luta pelo direito ao voto universal na ex-colônia britânica.
How Hwee Young/Efe | ||
O estudante Joshua Wong interrompeu greve de fome após quatro dias de greve de fome |
No dia 2, Wong anunciou que iniciava uma greve de fome por tempo indeterminado depois da tentativa fracassada dos manifestantes de paralisar os edifícios do governo terminar em violentos enfrentamentos com a polícia a madrugada da segunda-feira.
Vários estudantes se somaram à iniciativa, e três ainda mantêm a greve de fome —e "estão frágeis fisicamente", disse Lam.
O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, rejeitou uma oferta de diálogo com os estudantes, alegando que, embora esteja aberto a conversas, elas devem obedecer as regras do jogo de Pequim.
Wong foi um dos principais rostos do movimento de desobediência civil, iniciado em setembro, que levou centenas de milhares de pessoas às ruas pedindo eleições livres em 2017 em Hong Kong, depois de Pequim restringir os candidatos a uma lista aprovada por seu comitê.
Mais de dois meses depois, a "revolução dos guarda-chuvas" vive seu momento mais crítico, em meio a uma profunda divisão entre as facções que promovem o movimento, as ordens judiciais, as cada vez mais fortes intervenções policiais e a crescente apatia da população.
A organização que chamou a mobilização em um primeiro momento, a Federação de Estudantes Universitários, analisa se continuará a pressionar o governo com o bloqueio de vias públicas. Líderes de outro dos três pilares da revolução, o Occupy Central, começam a adotar opções afastadas das ruas.
Já o grupo mais jovem, Scholarism, de Wong, terá que tomar decisões depois de seu líder interromper a greve de fome. Os níveis de açúcar de Wong caíram ao limite e ele precisou receber glicose.
Lam afirmou hoje que o jovem voltou para casa para descansar e se recuperar, enquanto o grupo monitora a evolução dos três que mantêm a greve, Prince Wong, Gloria Cheng Yik-lam e Eddie Ng Man-hin, que estão há cerca de cem horas em jejum, bebendo somente água.
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