Líder tchetcheno vê islamofóbicos por trás de ataque ao 'Charlie Hebdo'
O presidente da república russa da Tchetchênia, Ramzan Kadryov, questionou nesta segunda-feira (12) se o atentado ao jornal "Charlie Hebdo" não teria sido orquestrado para insuflar a islamofobia
"Condeno categoricamente o assassinato de pessoas desarmadas em Paris, mas não estou certo se, por trás disso, não estariam certas forças influentes. Não pode ser uma ação para insuflar sentimentos contra o islã ou desviar a atenção de outro problema global?", indagou em sua conta no Instagram.
Ele também afirmou que não admite insultos a Maomé, nem que isso lhe custe a vida.
"Não permitiremos que ninguém insulte o profeta, ainda que isto nos custe a vida", escreveu em alusão às charges publicadas pelo jornal.
Menahem Kahana - 23.mar.2014/AFP | ||
Ramzan Kadyrov, líder da Tchetchênia, em inauguração de mesquita em Abu Gosh, Israel |
Kadryov ainda recordou que os muçulmanos não desenham Maomé e advertiu que "se estamos calados, não significa que não podemos levar milhões de pessoas no mundo todo em marchas contra aqueles que ofendem os sentimentos religiosos dos muçulmanos".
O dirigente tchetcheno, entretanto, se define como um "inimigo convencido do terrorismo" e assegurou que a luta contra estes atos é o "sentido da sua vida".
Ele acredita, porém, que a indignação dos que marcharam no domingo em Paris seja seletiva.
"Saudamos a condenação unânime do terror pelos líderes das potencias mundiais, mas qual terrorismo condenaram? O que acontece no mundo todo ou só o que aconteceu n França?", perguntou.
"Por que presidentes, reis e primeiros-ministros nunca lideraram protestos contra as mortes de milhares de afegãos, sírios, egípcios, líbios, iemenitas e iraquianos?", completou.
A Tchetchênia é uma região russa de maioria muçulmana que busca a emancipação da Rússia. No passado, já houve guerras entre Moscou e a região separatista, que conta com jihadistas.
Ataques terroristas também fazem parte do modo de ação de alguns tchechenos.
Em 2002, 42 militantes da região invadiram um teatro em Moscou e tomaram 850 reféns, exigindo como contrapartida para sua liberação a retirada de tropas russas da Tchetchênia e o fim da Segunda Guerra da Tchetchênia.
Depois de dois dias de crise, forças russas bombearam um gás tóxico no sistema de ventilação do edifício e iniciaram uma invasão.
39 dos militantes e 129 reféns morreram.
Em 2004, terroristas tchetchenos fizeram 1.200 - entre crianças e adultos– reféns numa escola da cidade de Beslan.
Após três dias, forças de segurança russas invadiram o local. O saldo foi a morte de 334 civis, 186 deles crianças.
Kadyov, entretanto, é simpático a Moscou
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