Argentina tem lista de mortes políticas que ainda são mistério
A morte misteriosa do promotor Alberto Nisman soma-se a uma longa lista de crimes políticos desde o retorno da democracia à Argentina, em 1983. Muitos seguem sem solução, mas a maioria teve impacto negativo na trajetória dos que governavam o país.
O episódio mais midiático foi conhecido como "caso Cabezas", e envolveu duas mortes não de todo esclarecidas. Em fevereiro de 1996, o fotógrafo José Luis Cabezas conseguiu fotografar pela primeira vez o misterioso empresário Alfredo Yabrán.
Chamado de mafioso pelo então ministro da Economia, Domingo Cavallo, Yabrán era acusado de narcotráfico, lavagem de dinheiro e de obter benefícios para suas empresas durante o governo de Carlos Menem (1989-1999).
Gabava-se de nunca ter sido retratado até a foto feita por Cabezas, que foi capa da revista "Notícias".
Após receber várias ameaças, o fotógrafo foi assassinado em janeiro de 1997 e seu corpo carbonizado foi encontrado num carro incendiado.
Yabrán chegou a ser investigado pelo crime, mas morreu em maio de 1998, vítima de um tiro de escopeta que lhe desfigurou a cara.
Apesar de a perícia confirmar que o corpo era do empresário, ainda há dúvidas sobre o que de fato ocorreu, principalmente veiculadas pelos meios de comunicação.
Na Argentina, até hoje há uma lenda urbana que reza que o morto não era Yabrán e que o empresário continuaria a manipular seus negócios clandestinamente.
Ainda durante os anos 90, o próprio Menem viu-se envolvido numa tragédia que também continua aberta.
Em março de 1995, seu filho, Carlos Menem Jr., morreu num acidente de helicóptero. A perícia não encontrou falhas no veículo, potenciais evidências foram alteradas e a polícia passou a considerar a hipótese de atentado.
Desde então, algumas testemunhas do acidente e pessoas envolvidas na investigação morreram, algumas de forma misteriosa.
As três tragédias marcaram a queda de popularidade de Menem, vencido nas urnas em 1999, em um processo que levaria à crise de 2001.
MÃOS DE PERÓN
Mais espetaculosa ainda foi a investigação sobre a desaparição das mãos de Perón, morto em 1974. O líder teve sua sepultura arrombada, em 1987, e suas mãos roubadas.
Até hoje não se sabe onde estão. Algumas testemunhas e o juiz que conduzia a investigação, Jaime Far Suau, morreram de forma misteriosa.
O governo Cristina Kirchner também coleciona mortes estranhas. Em 2011, o subsecretário de Comércio Exterior, Ivan Heyn, morreu em um hotel de Montevidéu, perto do local onde se celebrava uma cúpula do Mercosul.
A investigação apontou para um acidente em que ele se enforcou, mas a hipótese de homicídio é defendida por setores de La Cámpora, à qual era vinculado.
Na época, ele disputava poder com figuras do grupo, incluindo o atual ministro da Economia, Axel Kicillof.
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