'Assassino número 1' do apartheid é solto em condicional na África do Sul
O ministro da Justiça da África do Sul, Michael Masutha, concedeu nesta sexta-feira (30) liberdade condicional a Eugene de Kock, coronel da polícia do apartheid e conhecido como "assassino número um" do regime, responsável por sequestros, torturas e assassinatos de opositores.
"Em interesse da reconciliação nacional, decidi pôr De Kock em liberdade condicional", disse o ministro, que acrescentou que informará posteriormente as condições da condicional de De Kock, que estava preso havia 20 anos.
De Kock foi condenado a duas prisões perpétuas e mais 212 anos de prisão por suas ações a mando de uma unidade antiterrorista da polícia sul-africana que reprimia ativistas opostos ao regime segregacionista do país.
O ex-coronel reconheceu mais de cem crimes, como tortura, assassinato e fraude ante a Comissão para a Verdade e a Reconciliação (TRC), que foi formada em 1995 para esclarecer e, em alguns casos, perdoar a quem confessasse crimes durante a época do apartheid (1948-1994).
A TRC anistiou de Kock por muitos de seus crimes, incluindo dois atentados a bomba e 12 assassinatos de militantes, mas se negou a fazer o mesmo a respeito de um crime em 1992, no qual De Kock foi responsável pela morte de cinco homens. Para a comissão, as vítimas não tinham nenhuma relação com a guerrilha antiapartheid e, portanto, não havia elementos políticos envolvidos. De Kock seguiu, portanto, preso.
Durante seu julgamento, o ex-coronel qualificou a si mesmo como "assassino de Estado" e deu muitos detalhes sobre atrocidades cometidas pela unidade que comandava, alegando que "cumpria ordens políticas".
O debate sobre os crimes do apartheid voltou a tona na África do Sul nos últimos dias, a espera da decisão tomada hoje pelo ministro da Justiça.
Para muitos, os crimes de De Kock foram muito pesados para serem perdoados. Outros declaram, entretanto, que o ex-coronel, além de arrependido, era apenas um bode expiatório para outros criminosos da época que jamais foram punidos.
De Kock tinha direito a solicitar a liberdade condicional há sete anos, mas seus pedidos foram negados duas vezes, a última delas em julho.
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