Tribunal da ONU determina que Sérvia e Croácia não cometeram genocídio
A Corte Internacional de Justiça (CIJ) considerou nesta terça (3) que nem sérvios nem croatas cometeram genocídio durante a guerra de independência da Croácia, entre 1991 e 1995, um dos conflitos que terminaram com a divisão da antiga Iugoslávia.
Tanto a Sérvia quanto a Croácia entraram com ações contra o outro no tribunal. A primeira foi apresentada em 1999 pelos croatas, que consideravam genocídio o deslocamento, morte, tortura e detenção ilegal da etnia na guerra.
Devido a isso, a Croácia pedia a punição e uma indenização à Sérvia. Em 2010, foi a vez dos sérvios abrirem outro processo, em que acusavam os croatas de genocídio da minoria separatista sérvia na batalha que deu fim ao conflito, em 1995.
As duas operações provocaram o deslocamento de cerca de 130 mil pessoas do lado croata e cerca de 200 mil do lado sérvio. No total do conflito, 20 mil pessoas de ambos os lados foram mortas.
Mas, para o presidente da CIJ, Peter Tomka, não há provas de genocídio, embora os dois grupos tenham tentado se expulsar dos territórios à força.
"O genocídio pressupõe a intenção de destruir um grupo, ou ao menos em parte. O tribunal encontra condições de genocídios em alguns, mas não em todos os casos analisados e apresentados".
A decisão desagradou ambos os lados, mas os dois países disseram que pretendem aceitá-la. "Nós estamos insatisfeitos com o veredicto, mas o aceitamento de forma civilizada", disse o primeiro-ministro da Croácia, Zoran Milanovic.
Já o presidente sérvio, Tomislav Nikolic, afirmou que deseja uma paz durável. "Espero que no futuro, a Sérvia e a Croácia tenham a força para resolver em conjunto todas as questões que impedem a possibilidade de um período de paz durável e prosperidade na nossa região", declarou.
A proclamação da independência da Croácia da Iugoslávia, em 1991, foi seguida de uma guerra entre as forças croatas e separatistas sérvios apoiados por Belgrado. Esses últimos desejavam integrar um Estado sérvio etnicamente puro reunindo todos os sérvios da ex-Iugoslávia.
Desde que foi criado, em 1946, a CIJ, que julga os litígios entre Estados, reconheceu apenas um genocídio, o de Srebrenica, no leste da Bósnia. Cerca de 8.000 homens e meninos muçulmanos foram mortos por forças sérvias da Bósnia, em julho de 1995.
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