Análise: Com métodos cruéis, milícia islâmica atrai olhos do mundo
As cenas que vêm a público envolvendo o Estado Islâmico provocam reações como "bárbaros", "selvagens" ou "medievais".
Mas, a despeito da interpretação rígida e violenta do islã que a milícia radical prega, há um cálculo sofisticado por trás de queimar prisioneiros ou decapitá-los.
O EI mostra que entendeu de que forma pode sair do deserto e ganhar destaque em todos os grandes veículos de comunicação do mundo.
Algumas das mortes divulgadas recentemente –como a dos prisioneiros japoneses e a do piloto jordaniano– encontram eco no Alcorão, o livro sagrado do islã, e em outros textos que formam a tradição islâmica.
Há trechos do Alcorão que podem explicar a decapitação como a reação adequada diante de infiéis.
O que está claro é que alternativas violentas, que parecem progredir cada vez mais para variações mais cruéis, são bem-sucedidas em chamar a atenção internacional para a facção e testar a vontade política de líderes mundiais para detê-los.
Abdullah, rei da Jordânia, e Barack Obama, presidente dos EUA, terão agora de fazer seus cálculos para responder à brutalidade do EI e conseguir o que, por ora, não tiveram êxito: impedir que militantes sigam impondo as suas leis no território que tomaram entre Síria e Iraque.
Mas a visão que o EI tem do islã não corresponde àquela da maioria dos muçulmanos.
Para quase todos, a morte não pode ser justificada pela religião e contraria, inclusive, sua mensagem.
No Alcorão, é dito que uma pena tradicional a homossexuais seria arremessá-los de um lugar alto.
No entanto, a maioria dos muçulmanos dificilmente vê isso como norma.
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