Venezuela dá aos EUA duas semanas para cortar efetivo de embaixada
A Embaixada dos EUA em Caracas tem duas semanas para definir os 17 funcionários e cargos que permanecerão na Venezuela após a redução de efetivo ordenada pelo presidente Nicolás Maduro em retaliação a suposta conspiração americana.
O encarregado de negócios dos EUA, Lee McClenny, foi informado do prazo nesta segunda (2) pela chanceler Delcy Rodriguez, em meio à deterioração dos laços entre Caracas e Washington, que não enviam embaixadores mutuamente desde 2010.
No sábado, Maduro ordenou que o número de funcionários diplomáticos americanos na Venezuela -hoje cem, segundo ele- seja reduzido aos mesmos 17 venezuelanos na representação de Caracas em Washington.
Fontes da embaixada americana na Venezuela não confirmaram o número de funcionários na representação, mas disseram à Folha que 50 trabalham na seção consular.
Uma redução drástica de pessoal deverá, portanto, perturbar trâmites para obtenção de visto, prejudicando turistas, estudantes e empresários venezuelanos.
Maduro também disse que, de agora em diante, cidadãos dos EUA só poderão entrar na Venezuela com um visto que custará ao menos US$ 160.
A medida é justa, segundo Caracas, já que cidadãos venezuelanos precisam pagar o mesmo valor para dar entrada no pedido de visto, sem garantia de obtenção.
O pacote de medidas anunciado por Maduro também proíbe a entrada no país de políticos que chamou de "terroristas", como o ex-presidente George W. Bush, o ex-vice-presidente Dick Cheney e o senador Marco Rubio, ligado à oposição cubana.
Maduro alega que as medidas respondem ao que ele chama de conspiração opositora apoiada por Washington. Os EUA tacham as acusações de "ridículas", mas, em 2002, endossaram a fracassada tentativa de golpe contra o então presidente Hugo Chávez.
Nos últimos meses, os EUA impuseram sanções contra autoridades venezuelanas acusadas de abusos de direitos humanos e envolvimento com o tráfico. Não foi divulgada a lista das pessoas visadas. As medidas incluem congelamento de ativos nos EUA e proibição de entrar no país.
'MALDITO FRACKING'
Nesta segunda, o governo promoveu em Caracas um foro antiamericano batizado de "fucking fracking" (maldito fracking) para denunciar danos ambientais causados pela técnica de fraturamento hidráulico, conhecida como "fracking", usada pela indústria petroleira dos EUA.
A técnica permitiu um salto na produção dos EUA, gerando uma queda dos preços petroleiros que afetou duramente a Venezuela.
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