Rússia indicia 2 suspeitos por morte de opositor de Putin; um deles confessa
Autoridades russas anunciaram no domingo (8) o indiciamento de Zaur Dadaev e Anzor Gubashev, que foram detidos no sábado (7) como suspeitos pela morte do crítico do Kremlin Boris Nemtsov, 55, em 27 de fevereiro.
Segundo a juíza Natalia Mushnikova, Dadaev, um ex-policial da região de maioria muçulmana da Chechênia, confessou envolvimento no crime.
Os dois estão entre cinco homens, todos de etnia chechena, levados a um corte de Moscou no domingo e expostos para equipes de TV em jaulas de metal. Os outros três suspeitos são Shagid Gubashev, irmão mais novo de Anzor, Ramzan Bakhayev e Tamerlan Eskerkhanov.
Leandro Colon/Folhapress | ||
No centro da capital russa, manifestantes seguram cartazes com a foto do opositor Boris Nemtsov |
Um sexto suspeito, identificado como Beslan Shavanov, explodiu-se durante um embate com a polícia em Grozny, capital da Chechência, disse a TV estatal.
"A culpabilidade de Dadaev foi corroborada por sua confissão. Por isso, há motivos para adotar medidas cautelares", afirmou a juíza ao decretar a prisão preventiva dos cinco até 28 de abril.
Aliado do presidente Vladimir Putin, o líder checheno Ramzan Kadyrov afirmou que Dadaev era um muçulmano que havia se ofendido com as charges do profeta Maomé publicadas pelo jornal satírico francês "Charlie Hebdo".
Nemtsov, um liberal, havia defendido os cartuns depois de atiradores islâmicos deixarem 12 mortos na sede do semanário em Paris em janeiro. Na semana passada, investigadores russos afirmaram que examinavam a possibilidade de que Nemtsov tivesse sido morto por militantes islâmicos.
Segundo informações da mídia local, Dadaev foi soldado em um batalhão de tropas russas na Chechênia, enquanto Gubashev trabalhou em uma empresa de segurança privada em Moscou.
Kadyrov descreveu Dadaev como um "verdadeiro patriota da Rússia" que recebeu diversas medalhas por bravura, mas subsequentemente renunciou por razões que não estavam claras.
O CRIME
Nemtsov foi morto com quatro tiros nas costas nas proximidades do Kremlin.
Em uma entrevista a uma rádio local no dia do crime, ele chamou Putin de "mentiroso" e descreveu suas políticas para a Ucrânia de "loucas" e "agressivas". O opositor também convocou a população a uma marcha contra o governo em 1º de março.
Sob suspeita, o Kremlin vem se esforçando para mostrar comprometimento em solucionar o crime. Putin chegou a classificar a morte como uma "provocação" para desestabilizar a Rússia e prometeu que os responsáveis seriam julgados.
O advogado da família de Nemtsov afirmou que a detenção dos suspeitos "é uma boa notícia", mas que ainda é necessário encontrar os mentores do crime.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis