Linchamento de afegã acusada de queimar o Alcorão provoca protestos
Centenas de afegãos protestaram em Cabul nesta segunda-feira (23) exigindo justiça pela morte de uma mulher por linchamento após ser falsamente acusada de queimar uma cópia do Alcorão.
A mulher, uma estudante religiosa de 27 anos chamada Farkhunda, morreu na quinta-feira (19) depois que uma multidão, composta majoritariamente por homens jovens, a atingiu com pauladas e pedradas, antes de queimar seu corpo e jogá-lo no rio Cabul.
O corpo da jovem, enterrado no domingo (22), foi levado nos ombros de mulheres, algo incomum em enterros islâmicos, como demonstração de sua luta em defesa dos direitos da mulher. Seu funeral foi transmitido por televisões locais.
Wakil Kohsar - 22.mai.2015/AFP | ||
Ativista deita sobre a cova de Farkhunda, 27, que foi linchada após falsa acusação de queimar o Alcorão |
As autoridades desmentem as alegações de que ela teria queimado uma cópia do Alcorão, livro sagrado do islã.
13 pessoas foram presas suspeitas de participarem da morte da jovem. Os policiais que estavam no local foram suspensos sob alegações de não terem feito nada para impedir o ataque.
Sayed Habid Shah, que presenciou a agressão, disse que a jovem estava discutindo com uma vidente que a acusara de haver queimado o Alcorão.
"Ela disse que era muçulmana e que muçulmanos não queimam o Alcorão", afirmou Shah à Associated Press. "Quando mais pessoas se aproximaram, a polícia tentou tirá-las dali, mas perdeu-se o controle da situação".
No protesto desta segunda, muitas mulheres vestiam máscaras com o rosto ensanguentado de Farkhunda. Ativistas carregavam uma faixa acusando o governo de não cumprir promessas em acabar com a corrupção e garantir o cumprimento da lei no Afeganistão.
Massoud Hossaini/AP | ||
Manifestantes se reúnem em Cabul exigindo justiça pela jovem que foi linchada |
"Nós exigimos que o governo garanta que as pessoas envolvidas sejam presas que julgadas, para que a justiça seja implementada e que eles se transformem em um exemplo para outros", disse a ativista Palwasha.
Outras manifestações estão programadas para esta semana visando manter pressão sobre as autoridades para que os direitos das mulheres sejam garantidos, afirmaram ativistas.
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