Terroristas do Al Shabaab enganaram estudantes antes de matá-los
Escondida e imobilizada pelo medo, Elosy Karimi ouvia tiros pipocando por todos os lados. Era madrugada, o escuro era total, e homens armados da facção islâmica Al Shabaab haviam acabado de invadir o alojamento da universidade de Garissa.
"Se quiserem sobreviver, saiam", gritaram os milicianos. "Se quiserem morrer, fiquem aí dentro!"
Karimi, 23, decidiu se arriscar e ficar em seu alojamento. Passou as próximas 28 horas escondida num espaço minúsculo no teto sobre seu beliche. "Eu sabia que eles estavam mentindo", disse.
Na sexta (3), quando cinco suspeitos foram presos, novos detalhes vieram à tona sobre como milicianos do Al Shabaab, parcamente armados, conseguiram matar 148 estudantes no pior ataque terrorista no Quênia desde 1998.
Os sobreviventes contaram que muitos estudantes foram enganados, saindo dos alojamentos voluntariamente e obedecendo aos comandos de se deitarem em fileiras apenas para levarem tiros na cabeça.
Alguns terroristas também mandaram os jovens ligarem para suas famílias para lhes dizer que o ataque era uma represália pela intervenção militar queniana na Somália.
O ataque na quinta (2) deixou claro como o Quênia é impotente diante de uma organização terrorista impiedosa. Muitos temem que o país não tenha capacidade de barrar o Al Shabaab, que justificou o ataque dizendo que a universidade "disseminava o cristianismo e os infiéis".
"O atentado foi de baixa tecnologia, teve baixo custo, os riscos eram pequenos e os alvos eram fáceis", disse o analista Kenneth Menkhaus.
Os 682 quilômetros de fronteira entre a Somália, berço do Al Shabaab, e o Quênia praticamente não são vigiados –nem os quenianos possuem recursos para isso.
Os poucos guardas que participam de algumas patrulhas são notoriamente corruptos. Pelo preço certo, deixam passar produtos contrabandeados, caminhões carregados de armas e praticamente qualquer outra coisa.
"É muito difícil, para um país aberto como o Quênia, impedir ataques terroristas", disse Menkhaus.
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