Londres investiga roubo milionário em empresa que guarda joias
Com câmeras em cada esquina e uma polícia do porte da Scotland Yard, a cidade de Londres busca respostas para o que pode ser o maior roubo de sua história.
Os detalhes têm requintes de cenas de cinema. Durante o feriado de Páscoa, sem arrombar qualquer porta externa, ladrões usaram o teto e o poço do elevador para entrar em uma loja de depósito pessoal de pedras preciosas.
Com furadeiras especiais, atravessaram um bloqueio de concreto de quase dois metros e chegaram então aonde queriam: uma área onde esvaziaram 70 de 300 cofres disponíveis.
O roteiro cinematográfico foi seguido em uma loja de depósito de joias em Hatton Garden, no "quarteirão do diamante", em Londres. Ao menos 55 lojas estão na região, a maior concentração do setor no Reino Unido.
A loja roubada leva o nome de Hatton Garden Safe Deposit, ou seja, "depósito seguro". O prejuízo é estimado em 220 milhões de libras (quase R$ 1 bilhão) -se confirmado, seria o maior roubo da história da cidade, diz a mídia britânica.
A polícia só foi avisada às 8h10 (horário local) de terça-feira (7) por funcionários da loja após retorno ao trabalho -a segunda-feira pós-Páscoa também é feriado no país.
A loja diz que ainda está informando os clientes e tentando avaliar o custo do que foi levado. Pelo menos 30 deles já foram alertados.
Como muitos não declaram, nem querem revelar publicamente a posse das pedras, provavelmente nunca se saberá o valor real do que foi roubado.
Segundo a mídia britânica, até jogadores de futebol da rica Premier League, a liga inglesa, podem ter sido lesados.
Neil Hall - 7.abr.2015/Reuters | ||
Policial forense entra na sede da Hatton Garden para investigar o roubo |
Pressionada pela imprensa local, a Scotland Yard diz que a ação foi "sofisticada e organizada". "A cena é de cofres vazios e caixas fortes cobertas com poeira", disse Paul Johnson, inspetor chefe da investigação.
A cena, relata, é "caótica". A polícia admitiu que um alarme teria tocado durante o movimento dos ladrões, mas não deu detalhes dos motivos pelos quais não foram importunados.
A Folha foi ao local na tarde desta quinta-feira (9). Dois policiais vigiavam a porta do estabelecimento roubado.
Vizinhos optaram por não dar entrevistas. Reservadamente, um deles disse que roubos simples são comuns -mas longe de qualquer coisa parecida com o que houve na Páscoa.
Nesta quinta, especulou-se uma pista: o incêndio em um subsolo da região na quarta-feira (1), que poderia ter vínculo com a ação. Naquele dia, 2.000 pessoas foram retiradas. A polícia, porém, negou a ligação entre os episódios.
O último roubo do tipo ocorreu em 1987, em uma loja em Knightsbridge. Na época, o prejuízo foi de 60 milhões de libras.
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