Governo turco envia condolências a descendentes de armênios mortos
O governo da Turquia declarou nesta segunda-feira (20) que compartilha o sofrimento dos filhos e netos dos armênios mortos sob o Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e expressou a eles suas condolências.
Turquia e Armênia, dois países vizinhos e que não mantêm relações diplomáticas, devem "curar suas feridas e restabelecer suas relações humanas", acrescentou o gabinete do primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, em um comunicado.
A nota do premiê citou a cerimônia religiosa que será realizada no Patriarcado Armênio de Istambul nesta sexta (24). Uma fonte do gabinete do primeiro-ministro disse à agência Reuters que haverá um representante do governo turco na cerimônia –o que seria inédito.
O comunicado da Turquia foi divulgado apenas alguns dias antes do centenário desses eventos. No ano passado, Ancara apresentou "pêsames" também inéditos aos descendentes de vítimas.
Para os armênios, 24 de abril de 1915 marca o início de prisões em massa e deportações que mataram 1,5 milhão de seus concidadãos como parte de uma campanha de eliminação sistemática por parte do Império Otomano, o que eles descrevem como genocídio.
A Turquia rejeita categoricamente o termo "genocídio", reconhecido por mais de 20 países, e denuncia aqueles que o usam. O governo se refere a "assassinatos mútuos" em um império que, segundo a Turquia, estava prestes a explodir.
ALEMANHA
Também nesta segunda, Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que o governo irá apoiar resolução do Parlamento que, na sexta-feira, vai declarar que a morte dos armênios na Primeira Guerra foi um exemplo de genocídio.
"O governo apóia o projeto de resolução (...) em que o destino dos armênios na Primeira Guerra serve de exemplo da história de assassinatos em massa, limpezas étnicas, expulsões e, sim, genocídios durante o século 20", declarou o porta-voz.
Principal parceiro comercial da Turquia na União Europeia e lar de cerca de 1,5 milhão de imigrantes turcos, a Alemanha vinha resistindo a usar o termo "genocídio" –já empregado pela França, pelo Parlamento Europeu e, recentemente, pelo papa Francisco– para descrever o massacre dos armênios.
"Nós acreditamos que não há nenhuma mancha negra desse tipo em nossa história", disse o vice-premiê turco, Bulent Arinc, em resposta à decisão alemã.
Arinc acrescentou que resoluções semelhantes em outros Parlamentos não mudaram a posição da Turquia sobre o caso.
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